quinta-feira, 31 de maio de 2012


Adoração do Diabo CARUS, Paul. Devil Worship. History of The Devil, 1900. [Trad. e Adaptação: Ligia Cabus]. Quer mais adoração do diabo? Confira estes produtos. Na história da adoração a essa entidade conhecida como diabo, muitos estudiosos, como Georg Waitz [1813-1886, alemão], Sir John Lubbock [1834-1913, inglês], Edward Burnett Tylor [1832-1917, inglês, antropólogo] reuniram informações das quais deduziram que em um estágio dos mais primitivos da religião, a adoração ou veneração ao Diabo [seus assemelhados, o mal] precedeu o culto a um Deus benevolente e moralizador, divindade do Bem. As divindades malignas aparecem como as personagens mais importantes no passado remoto de quase todos os sistemas de fé. Demonolatria, cultos aos Diabos, são o primeiro estágio da evolução do pensamento religioso; porque os homens, muitos antes de pensarem em bênçãos, curvaram-se ao meio hostil. Os homens primitivos temiam o mal e não o bem. Assim, era natural que buscassem técnicas apaziguadoras que evitassem os infortúnios provenientes de um mal cuja origem não podiam alcançar. Herbert Spencer [1820-1903, filósofo inglês], acreditava que o fundamento da religião é o Desconhecido, querendo com isso dizer que o que os selvagens adoravam [e adoram] é aquilo que eles não entendem. [Assim, o Desconhecido de Spencer é algo que não se entende e não algo que nunca se conheceu. Não é uma hipótese consistente. Um provérbio alemão diz: O que não conheço, não me preocupa; ou em português, algo como: O que os olhos não vêem o coração não sente Aquilo que é absolutamente desconhecido não comove o homem. Os selvagens não reverenciam o trovão porque não sabem o que é, ou porque não sabem explicar o fenômeno. Porém, conhecem o suficiente o fenômeno subseqüente, o raio, e os estragos que ele pode causa: matar, machucar, queimar sua cabana. O selvagem tem medo dos trovões e dos raios. Então, em uma tentativa de controlar a ameaça, desenvolve reverência por essa força intangível na esperança de evitar suas manifestações. Em Anthropologie, Waitz [Vol. III., pp. 182, 330, 335, 345], falando sobre os nativos norte-americanos das tribos da Flórida, observa que indivíduos daquelas culturas que não foram semi-cristianizados, têm, ainda [o autor escreve no século XIX, anos 1800] uma adoração [reverência] solene a um espírito do Mal, Toia - que atormenta suas vítimas com visões. Esses nativos pouco se preocupam com o Espírito do Bem, o qual, Ele mesmo, parece [para os nativos] pouco se importar com raça humana. A mesma característica ocorre em tribos de amerabas, indígenas brasileiros. Esses indígenas têm a viva convicção de um Princípio do Mal [personificado na mitologia do encantado Anhangá - N. do T.] sobre eles; eventualmente, referem-se ao Bem; mas esse, o Bem, é muito menos reverenciado que o outro, o Mal. No contexto de seus esforços pela sobrevivência, os selvagens percebem o Ser Benevolente como uma entidade mais fraca, menos poderosa e/ou influente sobre o destino dos homens que que o Mal, que se manifesta diariamente [MARTINS Apud TYLOR, Primitive Culture II, p. 325]. Em 1605. o capitão John Smith, herói da colonização da Virgínia descrevia o culto a Okke [palavra que, aparentemente significa além do nosso controle] escreveu: Existe na Virgínia uma tribo tão selvagem que não possui religião além da reverência a todas as coisas que, potencialmente, podem lhes produzir qualquer dano ou das quais dependem para se manter vivos. Tais coisas, seres e elementos são, por isso, objeto de culto. [É o pensamento religioso animista em busca de apaziguamento das forças da Natureza]. O fogo, a água, o raio, o trovão, cavalos, peixes, etc.. Mas seu Deus maior, a quem chamam Oke. Smith que Oke significa deuses e, assim, Oke é como um panteão resumido em uma imagem. Os nativos disseram que viram Oke e que se parece mais com eles mesmos [homens] do que poderiam imaginar. Nos templos dedicados a Oke, sua representação, entalhada, é assustadora; pintada e adornada com correntes, peças de cobre, contas. [Uma vez por ano 15 jovens são mortos, sacrificados para a gratificação de Oke...]. Práticas similares foram observadas entre quase todas as tribos caribenhas e amerabas, nas ilhas e no continente Sul-Centro-Americano. Em Hispaniola - Ilha de São Domingos [Caribe], a divindade fúnebre é Joacana. O ritual terrível faz desses indígenas alguns dos mais abomináveis entre esses primitivos adoradores do Mal. Entre os povos pré-colombianos do México, os mais civilizados da região, a idéia de um Deus de Paz e Amor não é inteiramente estranha porém, o medo do adversário, o horrendo Huitzilopochtli [imagem acima] ainda assustava o suficiente para que os nativos manchassem os altares de seus templos com o sangue de vítimas humanas. Mas nem só os selvagens praticaram atrocidades como tributo em paga dos favores de divindades malignas. As antigas e clássicas civilizações também carregam esse feio passado em sua história. Os sacrifícios humanos são freqüentemente mencionados na Bíblia. Como no episódio do rei de Moab, que perdendo a guerra contra Israel e estando encurralado: Tomando então seu filho [dele mesmo, Moab] primogênito, que deveria reinar depois dele, ofereceu-o em holocausto sobre a muralha. Isso povocou uma tal indignação entre os israelitas que estes se retiraram e voltaram para sua terra [Reis II, 3:26]. Os profetas pregaram muitas vezes contra a prática pagã entre israelitas que, imitando a religião de seus vizinhos, sacrificavam seus filhos e filhas aos demônios ou então faziam-nos passar através do fogo de Moloch, para serem devorados pelas chamas. As nações mais civilizadas do mundo preservam em suas mitologias a memória de, em um tempo primitivo de seu desenvolvimento religioso, imolarem seres humanos para tornar propícias as divindades irritadas. Quando Atenas estava no auge de sua glória, Eurípedes [485-406 a.C. ─ dramaturgo grego] representava o drama do trágico destino de Polixena, que foi sacrificada sobre o túmulo de Aquiles para acalmar o espírito do herói morto assegurando, deste modo, um retorno seguro dos guerreiros gregos. Os sacrifícios humanos são uma característica central na adoração aos demônios [entidades malignas, personificações do mal]; Mas não é única. Existem outras práticas diabólicas baseadas na idéia de que este tipo de deidade tem prazer em testemunhar a tortura e a maior das abominações, o canibalismo. O canibalismo, como explicam os antropólogos, jamais resulta de uma escassez de comida; não. O canibalismo não é uma simples refeição. Antes, é um ritual religioso, justificado por superstições, crenças, especialmente a idéia de que partilhar o coração ou o cérebro do adversário proporciona absorver a coragem, a força e outras virtudes do sacrificado. Esta relação entre comer o semelhante para apoderar-se de suas virtudes, esse pensamento que implica práticas tão brutais, ainda permanece diluída na simbologia mais importante da religião mais poderosa do planeta: o cristianismo. Em particular, o cristianismo católico, com sua cerimônia da Transubstanciação: o pão no corpo, o vinho no sangue de Jesus. Ainda que os padres apelem para todas as justificativas sejam teológicas, semióticas ou simplesmente misteriosas, essa referência ao beber sangue e comer o corpo é, no mínimo, uma coisa mórbida. A inocente transubstanciação operada nas missas serve como péssima inspiração para a deturpação da prática dando origem a seitas instituídas por psicopatas-criminosos de todo tipo. A Religião nasceu do medo. A religiosidade dos selvagens demonstra isso muito bem. O medo do mal é notável e, por isso, os primeiros esforços no sentido de estabelecer uma relação amigável com os agentes do mal e do bem, porque o bem não causa transtornos. A demonolatria existe hoje. Está nas manchetes policiais do mundo inteiro; e vai continuar existindo até que o senso comum do homem mediano perceba ou resgate o significado das palavra Bem, Bom. O progresso espiritual, ou noético, ou, ainda, simplesmente, o progresso da inteligência lógica-analítica é lento em termos coletivos. A Humanidade-rebanho é ignorante, assustadiça, acomodada e covarde [e porque não reconhecer, burra mesmo!]. São pessoas que ainda acreditam em bajular o inimigo para salvar a pele; ao menos durante algum tempo. Pessoas que procuram caminhos curtos, soluções rápidas e alívio para a sofreguidão se suas paixões mais bestiais. Hoje, mais do nunca, a demonolatria, só não é mais patética porque é imensamente trágica. Um demonólatra, hoje, não tem a desculpa do primitivismo desinformado um tupinambá. O demonólatra de hoje, é algo entre um doente e um monstro perigoso, candidato a hóspede de cadeia ou de hospício; alguém cujo grau de humanidade está baixo da média necessária para um ser vivo ser considerado gente.

Magia de Salomão, O testamento de Salomão O nome Salomão significa «sabedoria», e na verdade rezam as lendas que Salomão foi o mais sábio dos reis. Segundo rezam as lendas, Salomão foi o mais rico de todos os reis do mundo. Em termos comparativos, hoje em dia o presidente dos Estados Unidos da América não seria nem 1/3 tão rico quão terá sido o rei Salomão no tempos do seu reinado. Muitos dizem que a verdadeira fonte da sua riqueza advinha de umas misteriosas minas, que ninguém sabe ao certo indicar onde se encontravam. Ao contrário, alguns ocultistas tendem a ver no mito das «minas do rei Salomão», nada mais senão uma metáfora para o verdadeira fonte do seu poder, que era o domínio exercido sobre os demónios. As minas são algo subterrâneo e obscuro, de onde com grande perigo se extraem enormes riquezas. Pois os demónios são conhecidos por habitar no Hades, ou seja, nas profundezas da terra. E lidar com os demónios das mais profundas dimensões da terra, é como trabalhar numa mina: é um trabalho situado em zonas obscuras, um trabalho perigoso, mas um trabalho que pode fazer vir á luz do dia enormes riquezas. Defendem por isso certos ocultistas, que as minas nunca existiram verdadeiramente, mas eram antes uma parábola para expressar um segredo bem guardado: a fortuna do poderoso rei Salomão, advinha da magia negra e do controlo que Salomão exercia sobre os demónios. Mas sobre Salomão e a magia, que sabemos? Sabemos que Salomão se dedicou com grande fé a servir Deus, mas que por outro lado praticou cultos religiosos, místicos e esotéricos bem diferentes daqueles professados pela religião hebraica. Disso encontramos prova nas sagradas escrituras, onde podemos ler: Salomão (...)seguia os preceitos de seu pai David. Entretanto, oferecia sacrifícios e incensos nos lugares altos

agosto 2010 CABALARituais mágicosInvocar anjos e demônios, transformar metal em ouro, criar vida usando barro: para os praticantes da chamada cabala prática, corrente que ganhou força na Idade Média, nada parecia impossível. Conheça os rituais mágicos usados por esses cabalistas para entrar em contato com o sobrenatural.por Texto Michelle Veronese O rabino Moisés de Viena gostava de contar aos amigos sobre o dia em que estivera na cidade de Rosenburg, na Áustria. Mal havia chegado e um mensageiro bateu à sua porta, dizendo: "Um homem está morrendo e quer um pouco de seu vinho". Ele achou o pedido um tanto estranho, mas atendeu sem fazer perguntas. Mais tarde, descobriu do que se tratava. Corria a lenda, na Idade Média, de que os judeus dominavam as artes ocultas, sendo capazes de invocar anjos e demônios. Também se acreditava que o vinho usado em cerimônias judaicas tinha poderes mágicos e era capaz de curar doenças. O moribundo, como deduziu o rabino, pedira a bebida na esperança de escapar da morte. Superstições como essas eram comuns no período medieval. Naquela época, o imaginário coletivo estava povoado por bruxas, magos e demônios. E, se alguma crença destoasse da religião dominante, o cristianismo, logo surgiam especulações, boatos e crendices. Era o caso da cabala ma’asit ou cabala prática, que muita gente via com medo e desconfiança. Segundo os estudiosos do misticismo judaico, essa corrente teria se desenvolvido paralelamente à cabala tradicional. Mas, em vez de estudar ou meditar sobre as forças divinas, seus adeptos propunham maneiras práticas de experimentá-las. "A mística judaica sempre incluiu rituais de magia", diz Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelista Paulista. "Encantamentos, exorcismos e outras práticas eram realizados por essas pessoas. Hoje, esses rituais são vistos pela comunidade judaica apenas como objeto de estudo e curiosidade." Apesar do caráter mágico, os praticantes da ma’asit rejeitavam a alcunha de magos. Eles eram chamados de ba’alem shem, do hebraico "mestres do Nome". Para entrar em contato com o mundo sobrenatural, esses cabalistas do truque usavam uma série de métodos secretos. O mais importante consistia na recitação dos chamados nomes divinos. Retiradas das escrituras sagradas, eram palavras utilizadas tradicionalmente para se referir a Deus e a seus atributos. Os cabalistas acreditavam que, se essas palavras fossem declamadas no momento certo e seguindo determinados rituais, podiam interferir no curso dos acontecimentos. A rotina dos adeptos da ma’asit incluía rituais que teriam o poder de alterar a matéria. Esses rituais eram transmitidos de mestre para aluno, geração após geração: estudiosos acreditam que sua origem está na Antiguidade, em regiões como o Egito e a Pérsia. "O que se tornou conhecido como cabala prática era, na verdade, um conjunto de todas as práticas mágicas encontradas no judaísmo desde o período talmúdico até a Idade Média", diz o historiador Gershom Scholem, no livro A Cabala e Seu Simbolismo. A maioria desses procedimentos se perdeu com o tempo: somente alguns deles foram registrados em livros e tratados de magia. Entre os poucos exemplares conhecidos do gênero está o Sefer ha-Razim ("Livro dos Segredos" ou "Livro dos Amuletos"), do século 4, que ensina como invocar anjos. O Harba de Moshe ("A Espada de Moisés"), organizado entre os séculos 1 e 4, apresenta uma lista de nomes de anjos que teria sido transmitida diretamente a Moisés, o patriarca bíblico. Seu autor ensina a utilizá-los em todo tipo de encantamento, desde poções para atrair o amor e curar doenças até fórmulas secretas para conseguir andar sobre a água. Os encantamentos, por sinal, eram muito populares entre os cabalistas mágicos. Acreditava-se que, fazendo uso de determinados comandos verbais, lidos em voz alta, seria possível conjurar entidades sobrenaturais. Essas práticas se baseavam na crença em uma dimensão invisível - chamada de mundo intermediário ou mundo do meio - habitada por milhares de anjos e demônios. Mas, para invocar tais entidades, era necessário usar os elementos certos e recitar as palavras adequadas no número de vezes indicado. Do contrário, o feitiço poderia dar errado e despertar forças incontroláveis. Forças sobrenaturais A crença em anjos e demônios tinha como base alguns trechos específicos do Zohar. Segundo o livro sagrado da cabala, haveria 3 classes de demônios: um grupo parecido com os seres humanos, outro que lembraria anjos e um terceiro em forma de animais. A mais temida, no lado das trevas, era Lilith, a rainha dos demônios, que teria sido a primeira mulher de Adão. Lilith, dizia-se, era casada com Asmodeu e gerenciava suas hordas de uma caverna no fundo do mar. Para identificar a presença de um deles, os praticantes sugeriam afastar as camas e, sobre o chão empoeirado, procurar pegadas semelhantes às de pássaros. A tradição contava que alguns desses seres tinham pés de aves e, mesmo quando disfarçados de humanos, esse aspecto permanecia inalterado. Durante séculos, essas lendas e rituais foram deixados de lado. Quando a cabala se popularizou e se tornou acessível a todos, no século 20, alguns deles voltaram a ganhar espaço, mas de maneira bastante simplificada. É o caso das recitações ou visualizações de letras e palavras hebraicas, com intuito de atrair equilíbrio e saúde para o praticante - o que não deixa de ser um tipo de magia. "No fim das contas, pouco importa se esses rituais, magias, superstições são reais ou não, se são fatos ou lendas", diz Schlesinger

Livro - Chave de Salomão, A O Rei Salomão é a figura central nos rituais secretos da Franco­maçonaria e nos ritos proibidos da feitiçaria. As tradições sagradas do Judaísmo, do Cristianismo e do lslamismo se reúnem na pes­soa do sábio rei-mago da Israel antiga. A sua presença na história bíblica é um elemento-chave para entender a visão que essas três religiões tão diferentes têm de si mesmas e umas das outras. A história de Salomão e seu magnífico Templo em Jerusalém é a pedra angular da Bíblia, que faz a ligação entre o Antigo e o Novo Testamentos. Mas será que isso é verdade? Ou será que o mito e a tradição realmente detêm as chaves que liberam mistérios da consciência humana infinitamente mais espantosos do que a História?

O EVANGELHO DE TOMÉ Estas são as palavras secretas de Jesus, o vivo, que foram escritas por Didymos Tau'ma (Tomé (Tomás), o gêmeo) 1. Quem descobrir o sentidos dessas palavras, não provará a morte. 2. Quem procura, não cesse de procurar até achar; e, quando achar, será estupefato; e, quando estupefato, ficará maravilhado - e então terá domínio sobre o Universo. 3. Jesus disse: Se vossos guias vos disserem: ‘o reino está no céu', então as aves vos precederam; se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederam. Mas o reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza. 4. O homem idoso perguntará, nos seus dias, a uma criança de sete dias pelo lugar da vida - e ele viverá. Porque muitos primeiros serão últimos, e serão unificados. 5. Conhece o que está ante os teus olhos – e o que te é oculto te será revelado; porque nada é oculto que não seja manifestado. 6. Perguntaram os discípulos a Jesus: Queres que jejuemos? Como devemos orar? Como dar esmolas? Que alimentos devemos comer? Respondeu Jesus: Não mintais a vós mesmos, e não façais o que é odioso! Porquanto todas essas coisas são manifestas diante do céu. Não há nada oculto que não seja manifestado, e não há nada velado que, por fim, não seja revelado. 7. Bendito o leão comido pelo homem, porque o leão se torna homem! Maldito o homem comido pelo leão, porque esse homem se torna leão! 8. Ele disse: O homem se parece com um pescador ajuizado, que lançou sua rede ao mar. Puxou para fora a rede cheia de peixes pequenos. Mas entre os pequenos o pescador sensato encontrou um peixe bom e grande. Sem hesitação, escolheu o peixe grande e devolveu ao mar todos os pequenos. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 9. Disse Jesus: Saiu o semeador. Encheu a mão e lançou a semente. Alguns grãos caíram no caminho; vieram as aves e os cataram. Outros caíram sobre os rochedos; não deitaram raízes para dentro da terra nem mandaram brotos para o céu. Outros ainda caíram entre espinhos, que sufocaram a semente e o verme a comeu. Outra parte caiu em terra boa, e produziu fruto bom rumo ao céu; produziu sessenta por uma, e cento e vinte por uma. 10. Disse Jesus: Eu lancei fogo sobre a terra – e eis que o vigio até que arda. 11. Disse Jesus: Este céu passará, e passará também aquele que está por cima deste. Os mortos não vivem, e os vivos não morrerão. Quando comíeis o que era morto, vós o tornáveis vivo. Quando estiverdes na luz, que fareis? Quando éreis um, vos tornastes dois; mas, quando fordes dois, que fareis? 12. Os discípulos perguntaram a Jesus: Sabemos que nos vais deixar. E quem será então nosso chefe? Respondeu Jesus: No ponto onde estais, ireis ter com Tiago, que está a par das coisas do céu e da terra. 13. Disse Jesus a seus discípulos: Comparai-me e dizei-me com quem me pareço eu. Respondeu Simão Pedro: Tu és semelhante a um anjo justo. Disse Mateus: Tu és semelhante a um homem sábio e compreensivo. Respondeu Tomé: Mestre, minha boca é incapaz de dizer a quem tu és semelhante. Replicou-lhe Jesus: Eu não sou teu Mestre, porque tu bebeste da Fonte borbulhante que te ofereci e nela te inebriaste. Então levou Jesus Tomé à parte e afastou-se com ele; e falou com ele três palavras. E, quando Tomé voltou a ter com seus companheiros, estes lhe perguntaram: Que foi que Jesus te disse? Tomé lhes respondeu: Se eu vos dissesse uma só das palavras que ele me disse, vós havíeis de apedrejar-me - e das pedras romperia fogo para vos incendiar. 14. Jesus disse-lhes: Se jejuardes, cometereis pecado. Se orardes, sereis condenados. Se derdes esmolas, prejudicareis ao espírito. Quando fordes a um lugar onde vos receberem, comei o que vos puserem na mesa e curai os doentes que lá houver. Pois o que entra pela boca não o torna um homem impuro, mas sim o que sai da boca, isto vos tornará impuros. 15. Se virdes alguém que não seja filho de mulher, prostrai-vos de rosto em terra e adorai-o – ele é vosso Pai. 16. Talvez os homens pensem que eu vim para trazer paz à terra, e não sabem que eu vim para trazer discórdias à terra, fogo, espada e guerra. Haverá cinco numa casa, três contra dois, dois contra três; pai contra filho, e filho contra pai. E serão solitários. 17. Eu vos darei o que nenhum olho viu, nenhum ouvido ouviu, nenhuma mão tangeu, e que jamais surgiu no coração do homem. 18. Perguntaram os discípulos a Jesus: Como será o nosso fim? Respondeu-lhes Jesus: Descobristes o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz de quem está no princípio; também conhecerá o fim - e não provará a morte. 19. Disse Jesus: Feliz daquele que era antes de existir. Se vós fordes meus discípulos e realizardes as minhas palavras, estas pedras vos servirão. Há no vosso paraíso cinco árvores, que permanecem inalteradas no inverno e no verão, e cujas folhas não caem; quem as conhecer, esse não provará a morte. 20. Disseram os discípulos a Jesus: Dize-nos, a que se assemelha o Reino do céus? Respondeu-lhes ele: Ele é semelhante a um grão de mostarda, que é menor que todas as sementes; mas, quando cai em terra, que o homem trabalha, produz um broto e se transforma num abrigo para as aves do céu. 21. Disse Maria a Jesus: Com quem se parecem os teus discípulos? Respondeu Jesus: Parecem-se com garotos que vivem num campo que não lhes pertence. Quando aparecem os donos do campo, dirão estes: Deixai-nos o nosso campo. E eles desnudam-se diante deles e lhes deixam o campo. Por isto vos digo eu: Se o dono da casa sabe quando vem o ladrão, vigia antes da sua chegada e não o deixará penetrar na casa do seu reino para lhe roubar os haveres. Vós, porém, vigiai em face do mundo; cingi os vossos quadris com força para que os ladrões não encontrem caminho até vós. E possuireis o tesouro que desejais. Sede como um homem de experiência, que conhece o tempo da colheita, e, de foice na mão, ceifará o trigo. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 22. Jesus viu crianças de peito a mamarem. E ele disse a seus discípulos: Essas crianças de peito se parecem com aqueles que entram no Reino. Perguntaram-lhe eles: Se formos pequenos, entraremos no Reino? Respondeu-lhes Jesus: Se reduzirdes dois a um, se fizerdes o interior como o exterior, e o exterior como o interior, se fizerdes o de cima como o de baixo, se fizerdes um o masculino e o feminino, de maneira que o masculino não seja mais masculino e o feminino não seja mais feminino - então entrareis no Reino. 23. Disse Jesus: Eu vos escolherei, um entre mil, e dois entre dez mil. E eles aparecerão como um só. 24. Seus discípulos pediram: Mostra-nos o lugar onde tu estás, pois precisamos procurá-lo. Respondeu-lhes ele: Quem tem ouvidos, ouça! Há luz dentro dum ser luminoso, e ele ilumina o mundo inteiro. Se não o iluminar, ele é escuridão. 25. Disse Jesus: Ama a teu irmão como a tua própria alma e cuida dele como da pupila dos teus olhos. 26. Jesus disse: Tu vês o cisco no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu próprio olho. Se tirares a trave do teu próprio olho, verás claramente como tirar o cisco do olho do teu irmão. 27. Se não jejuardes em face do mundo, não achareis o Reino; se não guardardes o sábado como sábado, não vereis o Pai. 28. Jesus disse: Eu estava no meio do mundo e me revelei a ele corporalmente. Encontrei todos embriagados, e não encontrei nenhum deles sedento. E minha alma sofria dores pelos filhos dos homens, porque eles são cegos no seu coração e nada enxergam. Assim como entraram no mundo vazios, querem sair do mundo vazios. Agora estão bêbados, e só se converterão se abandonarem o seu vinho. 29. Jesus disse: Se a carne foi feita por causa do espírito, é isto maravilhoso. Mas, se o espírito foi feito por causa do corpo, é isto a maravilha das maravilhas. Eu, porém, estou maravilhado diante do seguinte: Como é que tamanha riqueza foi habitar em tanta pobreza? 30. Jesus disse: Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, eu estou com ele. 31. Nenhum profeta é aceito em sua cidade, nem pode um médico curar os que o conhecem. 32. Jesus disse: Uma cidade situada num monte e fortificada, não pode cair, nem pode permanecer oculta. 33. O que ouvirdes com um ouvido, anunciai-o com o outro do alto dos telhados; porque ninguém acende uma lâmpada e a põe debaixo do velador, nem em lugar oculto, mas sim no candelabro, para que todos os que entram e saem vejam a luz. 34. Jesus disse: Quando um cego guia outro cego, ambos cairão na cova. 35. Jesus disse: Ninguém pode penetrar na casa do forte e prendê-lo, se antes não lhe ligar as mãos; só depois pode saquear-lhe a casa. (Nos outros evangelhos, esse texto é relacionado com o episódio em que Jesus expulsara um demônio, e seus inimigos o acusaram de ser aliado de satanás. Então Jesus faz um paralelo entre “o forte”, que é satanás, e “o mais forte”, que é o Cristo) 36. Jesus disse: Não andeis preocupados, da manhã até a noite, e da noite até a manhã, sobre o que haveis de vestir. 37. Perguntaram os discípulos a Jesus: Em que dia nos aparecerás? Em que dia te veremos? Respondeu Jesus: Se vos despojardes do vosso pudor; se, como crianças, tirardes os vossos vestidos e os colocardes sob os vossos pés, percebereis o filho do Vivo – e não conhecereis temor. 38. Jesus disse: Muitas vezes desejastes ouvir estas palavras que vos digo, e não achastes ninguém que vo-las pudesse dizer. Virão dias em que me procurareis e não me achareis. 39. Disse Jesus: Os fariseus e os escribas tiraram a chave do conhecimento e a ocultaram. Nem eles entraram nem permitiram entrar os que queriam entrar. Vós, porém, sede inteligente como as serpentes e simples como as pombas. 40. Jesus disse: Uma videira foi plantada fora daquilo que é do Pai; e, como não tem vitalidade, será extirpada pela raiz e perecerá. 41. Jesus disse: Aquele que tem algo na mão, esse receberá; e aquele que não tem, esse até perderá o pouco que tem. 42. Disse Jesus a seus discípulos: Sede transeuntes! 43. Disseram-lhe seus discípulos: Quem és tu que nos dizes tais coisas? Respondeu-lhes ele: Pelas coisas que vos digo não conheceis quem eu sou? Vós sois como os judeus, que amam a árvore e detestam o seu fruto; ou amam o fruto e detestam a árvore. 44. Disse Jesus: Quem blasfemar contra o Pai receberá a graça; quem blasfemar contra o Filho receberá a graça; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo esse não receberá a graça, nem na terra nem no céu. 45. Disse Jesus: Não se colhem uvas de espinheiros, nem figos de abrolhos, que não produzem frutos. O homem bom tira coisas boas do seu tesouro; o homem mau tira coisas más do tesouro mau do seu coração, fala coisas más da abundância do seu coração. 46. Disse Jesus: Desde Adão até João Batista, não há ninguém maior entre os nascidos de mulher do que João Batista, porque seus olhos não foram violados. Mas eu disse: Aquele que entre vós se tornar pequeno conhecerá o Reino e será maior do que João. 47. Disse Jesus: O homem não pode montar em dois cavalos, nem pode retesar dois arcos. O servo não pode servir a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Nenhum homem que bebeu vinho velho deseja beber vinho novo. Não se coloca vinho novo em odres velhos, com medo que se rompam; vinho novo se coloca em odres novos, para que não se perca. Não se cose um remendo velho em roupa nova, para não causar rasgão. 48. Disse Jesus: Se dois viverem em paz e harmonia na mesma casa, dirão a um monte "sai daqui! " – e ele sairá. 49. Disse Jesus: Felizes sois vós, os solitários e os eleitos, porque achareis o Reino. Sendo que vós saístes dele, a ele voltareis. 50. Disse Jesus: Se os homens vos perguntarem donde viestes, respondei-lhes: Nós viemos da luz, lá onde ela nasce de si mesma, surge e se manifesta em sua imagem. E se vos perguntarem: Quem sois vós? Respondei-lhes: Nós somos os filhos eleitos do Pai vivo. Se os homens vos perguntarem: Qual o sinal do Pai em vós? Respondei: É movimento e repouso ao mesmo tempo. 51. Seus discípulos perguntaram: Quando virá o repouso dos mortos e em que dia virá o mundo novo? Respondeu-lhes ele: Aquilo que vós aguardais já veio – mas vós não o conheceis. 52. Disseram-lhe os discípulos: Vinte e quatro profetas falaram em Israel, e todos falaram de ti. Respondeu-lhes ele: Rejeitastes aquele que está vivo diante de vós, e falais dos mortos. 53. Perguntaram-lhe os discípulos: A circuncisão é útil ou não? Respondeu-lhes ele: Se ela fosse útil, o homem já nasceria circuncidado. A verdadeira circuncisão é espiritual, e esta é útil a todos. 54. Disse Jesus: Felizes os pobres, porque vosso é o Reino dos céus. 55. Disse Jesus: Quem não odiar seu pai e sua mãe não pode ser meu discípulo. Quem não odiar seus irmãos e suas irmãs não é digno de mim. 56. Disse Jesus: Quem conhece o mundo, achou um cadáver; e quem achou um cadáver, dele não é digno o mundo. 57. Jesus disse: O Reino do Pai é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. De noite, porém, veio seu inimigo e semeou erva má no meio da semente boa. O senhor do campo não permitiu que se arrancasse a erva má, para evitar que, arrancando esta, também fosse arrancada a erva boa. No dia da colheita se manifestará a erva má. Então será ela arrancada e queimada. 58. Feliz do homem que foi submetido à prova – porque ele achou a vida. 59. Disse Jesus: Olhai para o Vivo, enquanto viveis, pra que não morrais e desejeis ver aquele que já não podeis ver. 60. Ao entrarem na Judéia, eles viram um samaritano que carregava uma ovelha. Jesus disse a seus discípulos: Por que a carrega? Responderam eles: Para matá-la e comê-la. Disse-lhes Jesus: Enquanto a ovelha está viva, ele não a poderá comer; só depois de morta e cadáver. Replicaram eles: De outro modo não a pode comer. Respondeu-lhes Jesus: Procurai para vós um lugar de repouso, para que não vos torneis cadáveres e sejais devorados. 61. Jesus disse: Haverá dois na mesma cama: um morrerá, o outro viverá. Salomé disse: Quem és tu, ó homem? Como que saído de um só? Tu que usavas a minha cama e comias à minha mesa? Responde Jesus: Eu vim daquele que é todo um em si; isto me foi dado por meu Pai. Disse Salomé: Eu sou discípula tua. Vem a propósito o dito: Quando o discípulo é vácuo, será repleto de luz; mas quando é dividido, ele será repleto de treva. 62. Eu revelo meus mistérios àqueles que são idôneos para ouvi-los. O que tua mão direta faz não o saiba a tua mão esquerda. 63. Disse Jesus: Um homem rico tinha muitos bens. E disse: Vou aproveitar os meus bens; vou semear, colher, plantar e encher meus armazéns, para que não me venha a faltar nada. Foi isto que ele pensou em seu coração. E nesta noite ele morreu. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 64. Disse Jesus: Um homem fez um banquete e, depois de tudo preparado, enviou seu servo para chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: Meu senhor te convida para o banquete. O homem respondeu: Uns negociantes me devem dinheiro; eles vêm à minha casa esta noite, e eu tenho de falar com eles; peço-te que me dispenses de comparecer ao jantar. O servo foi até outro e disse: Meu senhor te convidou. Este respondeu: Comprei uma casa, e marcaram um dia para mim; não tenho tempo para vir. O servo foi a outro e disse-lhe: Meu senhor te convida. Este respondeu: Um amigo meu vai casar-se, e eu fui convidado para preparar a refeição; não posso atender; favor dispensar-me. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: Meu senhor te convida. Este respondeu: Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo. O servo retornou e comunicou ao seu senhor: Os convidados ao banquete pedem que os dispenses de comparecerem. Disse o senhor a seu servo: Vai pelos caminhos e traze os que encontrares, para que venham ao meu banquete; mas os compradores e negociantes não entrarão nos lugares de meu Pai. 65. Disse ele: Um homem tinha uma vinha. Arrendou-a a uns colonos para a cultivarem, a fim de receber deles o fruto. Enviou seu servo para receber o fruto da vinha. Os colonos prenderam o servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: Talvez não o tenham reconhecido. E enviou-lhes outro servo. Mas os colonos espancaram também este. Então o senhor mandou seu filho, dizendo: Talvez tenham respeito a meu filho. Mas, como os camponeses soubessem que esse era o herdeiro da vinha, prenderam-no e o mataram. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 66. Disse Jesus: Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram. Ela é a pedra angular. 67. Disse Jesus: Quem conhece o universo, mas não se possui a si mesmo, esse não possui nada. 68. Disse Jesus: Felizes sois vós, se vos rejeitarem e odiarem. E lá onde vos tiraram e odiaram não será encontrado lugar algum. 69. Disse Jesus: Felizes no seu coração são os perseguidos, os que na verdade conhecem o Pai. Felizes são os famintos, porque o corpo dos que sabem querer será saciado. 70. Jesus disse: Se fizerdes nascer em vós aquele que possuis, ele vos salvará; mas, se não possuirdes em vós a este, então sereis mortos por aquele que não possuis. (falando do corpo e da alma) 71. Disse Jesus: Destruirei esta casa, e ninguém a poderá reconstruir. 72 . Alguém diz a Jesus: Dize a meus irmãos que repartam comigo os bens de meu pai. Respondeu Jesus: Homem, quem me constituiu partidor? E dirigindo-se a seus discípulos, disse-lhes: Será que eu sou um partidor? 73. Disse Jesus: Grande é a safra, e poucos são os operários. Pedi, pois ao Senhor para que mande operários à sua seara. 74. Disse ele: Senhor, muitos rodeiam a fonte, mas ninguém entra na fonte. 75. Disse Jesus: Muitos estão diante da porta – mas somente os solitários é que entram na câmara nupcial. 76. Disse Jesus: O Reino é semelhante a um negociante que possuía um armazém. Achou uma pérola, e, sábio como era, vendeu todo o armazém e comprou essa pérola única. Procurai também vós o tesouro imperecível, que se encontra lá onde as traças não se aproximam para comê-lo nem os vermes o destroem. 77. Disse Jesus: Eu sou a luz, que está acima de todos. Eu sou o “Todo”. O Todo saiu de mim, e o Todo voltou a mim. Rachai a madeira – lá estou eu. Erguei a pedra – lá me achareis. 78. Disse Jesus: Por que saístes ao campo? Para verdes um caniço agitado pelo vento? Ou um homem vestido de roupas macias? Os reis e os grandes vestem roupas macias – e eles não poderão conhecer a verdade. 79. Uma mulher da multidão disse-lhe: Feliz o ventre que te gestou e os seios que te amamentaram. Respondeu ele: Felizes os que ouviram o Verbo do Pai e viveram a Verdade. Porque dias virão em que direis: Feliz o ventre que não concebeu, e felizes os seios que não amamentaram. 80. Disse Jesus: Quem conheceu o mundo encontrou o corpo. Mas quem encontrou o corpo, desse tal não é digno o mundo. (o mundo material é um corpo morto, não digno do homem espiritual) 81. Quem ficou rico, saiba dominar-se; quem ficou poderoso, saiba renunciar. 82. Quem está perto de mim está perto da chama; quem está longe de mim está longe do Reino. 83. Disse Jesus: As imagens se manifestam ao homem, e a luz que está oculta nelas – na imagem da luz do Pai – se revelará, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz. 84. Disse Jesus: Quando virdes a vossa semelhança, alegrai-vos. Mas, quando virdes o vosso modelo, que desde o princípio estava em vós e nunca morrerá, nem jamais se revela plenamente – será que suportareis isto? 85. Disse Jesus: Adão nasceu de um grande poder e de uma grande riqueza. Mas não era digno deles. Se deles fosse digno, não teria morrido. 86. Disse Jesus: As raposas têm as suas tocas; as aves têm os seus ninhos - mas o Filho do Homem não tem onde repousar a sua cabeça. 87. Miserável o corpo que depende de outro corpo, e miserável a alma que depende desses dois. 88. Os arautos e os profetas irão ter convosco e vos darão o que é vosso. Dai-lhes também vós o que é deles. 89. Disse Jesus: Por que lavais o exterior do recipiente? Não sabeis que o mesmo que creou o interior creou também o exterior? 90. Jesus disse: Vinde a mim, porque o meu jugo é suave e o meu domínio é agradável – e encontrareis repouso para vós mesmos. 91. Disseram-lhe eles: Dize-nos quem és tu, para que tenhamos fé em ti. Respondeu-lhes ele: Vós examinais o aspecto do céu e da terra, mas não conheceis aquele que está diante de vós. Não sabeis dar valor ao tempo presente. 92. Disse Jesus: Procurai, e achareis. O que me perguntastes nesses dias, eu não vos disse; agora vos digo – e não me perguntais. 93. Não deis as coisas puras aos cães, para que não as arrastem ao lodo. Nem lanceis as pérolas aos porcos, para que não as conspurquem. 94. Quem procura achará; a quem bate abrir-se-lhe-á. 95. Quando tendes dinheiro, não o empresteis a juros, mas dai-o a quem não vos possa restituir. 96. O Reino do Pai é semelhante a uma mulher que tomou um pouco de fermento, misturou-o com a massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 97. Disse Jesus: O Reino é semelhante a uma mulher que levava por um longo caminho uma vasilha cheia de farinha. Pelo caminho, uma alça da vasilha quebrou e a farinha se espalhou atrás dela sem que ela o percebesse; e por isto não se afligiu. Chegada em casa, ela colocou a vasilha no chão – e achou-a vazia. 98. Disse Jesus: O Reino do Pai é semelhante a um homem que quis matar um poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão era forte o suficiente para realizar a tarefa. Depois foi matar o poderoso. 99. Seus discípulos lhe disseram: Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora. Respondeu-lhes ele: Os que, nesses lugares, fazem a vontade de meu Pai são os meus irmãos e minha mãe, e são eles que entrarão no Reino de meu Pai. 100. Mostraram a Jesus uma moeda de ouro e disseram: Os agentes de César exigem de nós o pagamento do imposto. Respondeu ele: Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus - e dai a mim o que é meu. 101. Quem não abandona seu pai e sua mãe, como eu, não pode ser meu discípulo. E quem não amar a seu Pai e sua Mãe, como eu, esse não pode ser meu discípulo; porque minha mãe me gerou, mas minha Mãe verdadeira me deu a vida. 102. Disse Jesus: Ai dos fariseus! Eles se parecem com um cão deitado no cocho dos bois; não come nem deixa os bois comerem. 103. Disse Jesus: Feliz do homem que sabe por onde penetram os ladrões! Assim pode erguer-se, reunir forças e estar alerta e pronto antes que eles venham. 104. Disseram-lhe: Vinde, vamos hoje orar e jejuar. Respondeu Jesus: Que falta cometi eu, em que ponto sucumbi? Mas, quando o esposo sair da sua câmara nupcial, então oraremos e jejuaremos. 105. Disse Jesus: Quem conhece o seu pai e sua mãe, porventura será chamado filho de prostituta? (sobre a natureza Divina da alma) 106. Disse Jesus: Se de dois fizerdes um, então vos fareis Filhos do Homem. E então, se disserdes a este monte "retira-te daqui" – ele se retirará. 107. Disse Jesus: O Reino é semelhante a um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas se extraviou, e era a maior de todas. Ele deixou as noventa e nove e foi em busca daquela única até achá-la. E, depois de achá-la, lhe disse: eu te amo mais do que as noventa e nove. 108. Disse Jesus: Quem beber da minha boca se tornará como eu. E eu serei o que ele é. E as coisas ocultas lhe serão reveladas. 109. Disse Jesus: O Reino se parece com um homem que possuía um campo no qual estava oculto um tesouro de que ele nada sabia. Ao morrer, deixou o campo a seu filho, que também não sabia de nada; tomou posse e vendeu o campo – mas o comprador descobriu o tesouro ao arar o campo. 110. Disse Jesus: Quem encontrou o mundo e se enriqueceu, que renuncie ao mundo. 111. Disse Jesus: O céu e a terra se desenrolarão diante de vós, e quem vive do Vivente não verá a morte. Quem se acha a si mesmo, dele não é digno o mundo. 112. Disse Jesus: Deplorável a carne que depende da alma! Deplorável a alma que depende da carne! 113. Os discípulos perguntaram-lhe: Em que dia vem o Reino? Jesus respondeu: Não vem pelo fato de alguém esperar por ele; nem se pode dizer ei-lo aqui! Ei-lo acolá! O Reino está presente no mundo inteiro, mas os homens não o enxergam. 114. Simão Pedro disse: Seja Maria afastada de nós, porque as mulheres não são dignas da vida. Respondeu Jesus: Eis que eu a atrairei, para que ela se torne homem, de modo que também ela venha a ser um espírito vivente, semelhante a vós homens. Porque toda a mulher que se fizer homem entrará no Reino dos céus.

Em dezembro de 1945, alguns felás (beduínos egípcios) deslocavam-se com seus camelos por perto de um rochedo chamado Jabal al-Tarif, que margeia o rio Nilo, no Alto Egito, não muito longe da moderna cidade de Nag Hammadi. Eles estavam procurando um tipo de fertilizante natural na área, chamado sabaque. No sopé do Jabal al-Tarif começaram a cavar em torno de uma pedra que caíra no talude, e, sem esperarem, encontraram um jarro de armazenagem com um recepiente selado na parte superior. Um dos felás, chamado Muhammad Ali Samman, quebrou o jarro com uma picareta na esperança de encontrar algo valioso, talvéz um pequeno tesouro. Deve ter ficado um tanto quanto decepcionado ao ver que, em vez de ouro ou algum tipo de objeto de igual valor, no jarro só havia fragmentos de papiros. Muhammad Ali Samman, sem querer ou se dar conta, havia descoberto treze livros de papiro (códices), a que hoje chamamos de a biblioteca copta de Nag Hammadi, dois anos antes de outra descoberta famosa, a dos Manuscritos do Mar Morto, conjunto de documentos encontrados na Palestina e que haviam pertencido a uma comunidade judáica que professavam uma forma ascética diferente de judaísmo, conhecido como essênios. Porém, apesar destes últimos manuscritos terem tido maior divulgação, serem mais famosos e terem sido alvos de debates, os primeiros possuem, todavia, caráter muito mais revolucionário, em especial por estarem ligados diretamente ao cristianismo. Além de outras obras valiosas, entre estes papiros estava algo muito interessante: o chamado Evangelho de Tomé, que é uma coletânea de sentenças de Jesus que teriam sido compiladas, segundo a primeira frase deste Evangelho, por Judas Tomé, O Gêmeo. Antes desta descoberta excepcional, os estudiosos dos evangelhos já tinham algumas referências dos pais da Igreja referentes a um documento denominado Evangelho de Tomé (ou de Tomás). Porém, o conteúdo deste documento punha em xeque alguns posicionamentos dogmáticos da Igreja. Cirilo de Jerusalém, em suas Catequeses 6.31 afirmava que o Tomé que escreveu este Evangelho não era um seguidor de Jesus, mas um maniqueu - um maniqueísta, portanto, seguidor gnóstico e místico de Mani, mestre herético do século III. Só que, atualmente, é quase consenso de que o texto de Nag Hammadi foi bem escrito antes do movimento maniqueísta ter vindo à lume e, ainda mais, tudo indica que a cópia copta deste evangelho se baseia em um texto ainda mais antigo, provavelmente escrito em grego e/ou aramaico, a língua falada por Cristo. Além dos testemunhos dos chamados padres da Igreja, temos fragmentos de três papiros gregos - encontrados num monte de lixo em Oxirronco, atual Behnesa, no Egito -, publicados em 1897, e que contêm sentenças de Jesus quase idênticas aos encontrados no Evangelho de Tomé de Nag Hammadi, escrito em língua copta. Estes papiros eram representantes de edições gregas do Evangelho de Tomé. Ao contrário dos outros evangelhos conhecidos, quer sejam canônicos ou apócrifos, o Evangelho de Tomé não expõe em nada narrativas sobre a vida de Jesus de Nazaré, mas atém-se especificamente às sentenças que teriam sido proferidas por Jesus a seus discípulos. O que chegou à nós, em formas de textos evangélicos, não são mais do que interpretações sobre os dizeres do Cristo feito por discípulos, já que Jesus não deixou nada escrito, tudo o que dele sabemos é de segunda ou terceira mão, sendo o primeiro evangelho sinótico, o de Marcos, sido escrito provavelmente por volta do ano 60, ainda que baseado - segundo experts - em um texto anterior, chamado de quelle - fonte, em alemão, e que muitos pensam estar contido em grande parte no Evangelho de Tomé. A tradução abaixo foi feita pelo professor e filósofo Huberto Rohden, baseada na versão francesa de Phillipe de Suarez, feita diretamente dos manuscritos em língua copta. O EVANGELHO DE TOMÉ Estas são as palavras secretas de Jesus, o vivo, que foram escritas por Didymos Tau'ma (Tomé (Tomás), o gêmeo) 1. Quem descobrir o sentidos dessas palavras, não provará a morte. 2. Quem procura, não cesse de procurar até achar; e, quando achar, será estupefato; e, quando estupefato, ficará maravilhado - e então terá domínio sobre o Universo. 3. Jesus disse: Se vossos guias vos disserem: ‘o reino está no céu', então as aves vos precederam; se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederam. Mas o reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza. 4. O homem idoso perguntará, nos seus dias, a uma criança de sete dias pelo lugar da vida - e ele viverá. Porque muitos primeiros serão últimos, e serão unificados. 5. Conhece o que está ante os teus olhos – e o que te é oculto te será revelado; porque nada é oculto que não seja manifestado. 6. Perguntaram os discípulos a Jesus: Queres que jejuemos? Como devemos orar? Como dar esmolas? Que alimentos devemos comer? Respondeu Jesus: Não mintais a vós mesmos, e não façais o que é odioso! Porquanto todas essas coisas são manifestas diante do céu. Não há nada oculto que não seja manifestado, e não há nada velado que, por fim, não seja revelado. 7. Bendito o leão comido pelo homem, porque o leão se torna homem! Maldito o homem comido pelo leão, porque esse homem se torna leão! 8. Ele disse: O homem se parece com um pescador ajuizado, que lançou sua rede ao mar. Puxou para fora a rede cheia de peixes pequenos. Mas entre os pequenos o pescador sensato encontrou um peixe bom e grande. Sem hesitação, escolheu o peixe grande e devolveu ao mar todos os pequenos. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 9. Disse Jesus: Saiu o semeador. Encheu a mão e lançou a semente. Alguns grãos caíram no caminho; vieram as aves e os cataram. Outros caíram sobre os rochedos; não deitaram raízes para dentro da terra nem mandaram brotos para o céu. Outros ainda caíram entre espinhos, que sufocaram a semente e o verme a comeu. Outra parte caiu em terra boa, e produziu fruto bom rumo ao céu; produziu sessenta por uma, e cento e vinte por uma. 10. Disse Jesus: Eu lancei fogo sobre a terra – e eis que o vigio até que arda. 11. Disse Jesus: Este céu passará, e passará também aquele que está por cima deste. Os mortos não vivem, e os vivos não morrerão. Quando comíeis o que era morto, vós o tornáveis vivo. Quando estiverdes na luz, que fareis? Quando éreis um, vos tornastes dois; mas, quando fordes dois, que fareis? 12. Os discípulos perguntaram a Jesus: Sabemos que nos vais deixar. E quem será então nosso chefe? Respondeu Jesus: No ponto onde estais, ireis ter com Tiago, que está a par das coisas do céu e da terra. 13. Disse Jesus a seus discípulos: Comparai-me e dizei-me com quem me pareço eu. Respondeu Simão Pedro: Tu és semelhante a um anjo justo. Disse Mateus: Tu és semelhante a um homem sábio e compreensivo. Respondeu Tomé: Mestre, minha boca é incapaz de dizer a quem tu és semelhante. Replicou-lhe Jesus: Eu não sou teu Mestre, porque tu bebeste da Fonte borbulhante que te ofereci e nela te inebriaste. Então levou Jesus Tomé à parte e afastou-se com ele; e falou com ele três palavras. E, quando Tomé voltou a ter com seus companheiros, estes lhe perguntaram: Que foi que Jesus te disse? Tomé lhes respondeu: Se eu vos dissesse uma só das palavras que ele me disse, vós havíeis de apedrejar-me - e das pedras romperia fogo para vos incendiar. 14. Jesus disse-lhes: Se jejuardes, cometereis pecado. Se orardes, sereis condenados. Se derdes esmolas, prejudicareis ao espírito. Quando fordes a um lugar onde vos receberem, comei o que vos puserem na mesa e curai os doentes que lá houver. Pois o que entra pela boca não o torna um homem impuro, mas sim o que sai da boca, isto vos tornará impuros. 15. Se virdes alguém que não seja filho de mulher, prostrai-vos de rosto em terra e adorai-o – ele é vosso Pai. 16. Talvez os homens pensem que eu vim para trazer paz à terra, e não sabem que eu vim para trazer discórdias à terra, fogo, espada e guerra. Haverá cinco numa casa, três contra dois, dois contra três; pai contra filho, e filho contra pai. E serão solitários. 17. Eu vos darei o que nenhum olho viu, nenhum ouvido ouviu, nenhuma mão tangeu, e que jamais surgiu no coração do homem. 18. Perguntaram os discípulos a Jesus: Como será o nosso fim? Respondeu-lhes Jesus: Descobristes o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz de quem está no princípio; também conhecerá o fim - e não provará a morte. 19. Disse Jesus: Feliz daquele que era antes de existir. Se vós fordes meus discípulos e realizardes as minhas palavras, estas pedras vos servirão. Há no vosso paraíso cinco árvores, que permanecem inalteradas no inverno e no verão, e cujas folhas não caem; quem as conhecer, esse não provará a morte. 20. Disseram os discípulos a Jesus: Dize-nos, a que se assemelha o Reino do céus? Respondeu-lhes ele: Ele é semelhante a um grão de mostarda, que é menor que todas as sementes; mas, quando cai em terra, que o homem trabalha, produz um broto e se transforma num abrigo para as aves do céu. 21. Disse Maria a Jesus: Com quem se parecem os teus discípulos? Respondeu Jesus: Parecem-se com garotos que vivem num campo que não lhes pertence. Quando aparecem os donos do campo, dirão estes: Deixai-nos o nosso campo. E eles desnudam-se diante deles e lhes deixam o campo. Por isto vos digo eu: Se o dono da casa sabe quando vem o ladrão, vigia antes da sua chegada e não o deixará penetrar na casa do seu reino para lhe roubar os haveres. Vós, porém, vigiai em face do mundo; cingi os vossos quadris com força para que os ladrões não encontrem caminho até vós. E possuireis o tesouro que desejais. Sede como um homem de experiência, que conhece o tempo da colheita, e, de foice na mão, ceifará o trigo. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 22. Jesus viu crianças de peito a mamarem. E ele disse a seus discípulos: Essas crianças de peito se parecem com aqueles que entram no Reino. Perguntaram-lhe eles: Se formos pequenos, entraremos no Reino? Respondeu-lhes Jesus: Se reduzirdes dois a um, se fizerdes o interior como o exterior, e o exterior como o interior, se fizerdes o de cima como o de baixo, se fizerdes um o masculino e o feminino, de maneira que o masculino não seja mais masculino e o feminino não seja mais feminino - então entrareis no Reino. 23. Disse Jesus: Eu vos escolherei, um entre mil, e dois entre dez mil. E eles aparecerão como um só. 24. Seus discípulos pediram: Mostra-nos o lugar onde tu estás, pois precisamos procurá-lo. Respondeu-lhes ele: Quem tem ouvidos, ouça! Há luz dentro dum ser luminoso, e ele ilumina o mundo inteiro. Se não o iluminar, ele é escuridão. 25. Disse Jesus: Ama a teu irmão como a tua própria alma e cuida dele como da pupila dos teus olhos. 26. Jesus disse: Tu vês o cisco no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu próprio olho. Se tirares a trave do teu próprio olho, verás claramente como tirar o cisco do olho do teu irmão. 27. Se não jejuardes em face do mundo, não achareis o Reino; se não guardardes o sábado como sábado, não vereis o Pai. 28. Jesus disse: Eu estava no meio do mundo e me revelei a ele corporalmente. Encontrei todos embriagados, e não encontrei nenhum deles sedento. E minha alma sofria dores pelos filhos dos homens, porque eles são cegos no seu coração e nada enxergam. Assim como entraram no mundo vazios, querem sair do mundo vazios. Agora estão bêbados, e só se converterão se abandonarem o seu vinho. 29. Jesus disse: Se a carne foi feita por causa do espírito, é isto maravilhoso. Mas, se o espírito foi feito por causa do corpo, é isto a maravilha das maravilhas. Eu, porém, estou maravilhado diante do seguinte: Como é que tamanha riqueza foi habitar em tanta pobreza? 30. Jesus disse: Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, eu estou com ele. 31. Nenhum profeta é aceito em sua cidade, nem pode um médico curar os que o conhecem. 32. Jesus disse: Uma cidade situada num monte e fortificada, não pode cair, nem pode permanecer oculta. 33. O que ouvirdes com um ouvido, anunciai-o com o outro do alto dos telhados; porque ninguém acende uma lâmpada e a põe debaixo do velador, nem em lugar oculto, mas sim no candelabro, para que todos os que entram e saem vejam a luz. 34. Jesus disse: Quando um cego guia outro cego, ambos cairão na cova. 35. Jesus disse: Ninguém pode penetrar na casa do forte e prendê-lo, se antes não lhe ligar as mãos; só depois pode saquear-lhe a casa. (Nos outros evangelhos, esse texto é relacionado com o episódio em que Jesus expulsara um demônio, e seus inimigos o acusaram de ser aliado de satanás. Então Jesus faz um paralelo entre “o forte”, que é satanás, e “o mais forte”, que é o Cristo) 36. Jesus disse: Não andeis preocupados, da manhã até a noite, e da noite até a manhã, sobre o que haveis de vestir. 37. Perguntaram os discípulos a Jesus: Em que dia nos aparecerás? Em que dia te veremos? Respondeu Jesus: Se vos despojardes do vosso pudor; se, como crianças, tirardes os vossos vestidos e os colocardes sob os vossos pés, percebereis o filho do Vivo – e não conhecereis temor. 38. Jesus disse: Muitas vezes desejastes ouvir estas palavras que vos digo, e não achastes ninguém que vo-las pudesse dizer. Virão dias em que me procurareis e não me achareis. 39. Disse Jesus: Os fariseus e os escribas tiraram a chave do conhecimento e a ocultaram. Nem eles entraram nem permitiram entrar os que queriam entrar. Vós, porém, sede inteligente como as serpentes e simples como as pombas. 40. Jesus disse: Uma videira foi plantada fora daquilo que é do Pai; e, como não tem vitalidade, será extirpada pela raiz e perecerá. 41. Jesus disse: Aquele que tem algo na mão, esse receberá; e aquele que não tem, esse até perderá o pouco que tem. 42. Disse Jesus a seus discípulos: Sede transeuntes! 43. Disseram-lhe seus discípulos: Quem és tu que nos dizes tais coisas? Respondeu-lhes ele: Pelas coisas que vos digo não conheceis quem eu sou? Vós sois como os judeus, que amam a árvore e detestam o seu fruto; ou amam o fruto e detestam a árvore. 44. Disse Jesus: Quem blasfemar contra o Pai receberá a graça; quem blasfemar contra o Filho receberá a graça; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo esse não receberá a graça, nem na terra nem no céu. 45. Disse Jesus: Não se colhem uvas de espinheiros, nem figos de abrolhos, que não produzem frutos. O homem bom tira coisas boas do seu tesouro; o homem mau tira coisas más do tesouro mau do seu coração, fala coisas más da abundância do seu coração. 46. Disse Jesus: Desde Adão até João Batista, não há ninguém maior entre os nascidos de mulher do que João Batista, porque seus olhos não foram violados. Mas eu disse: Aquele que entre vós se tornar pequeno conhecerá o Reino e será maior do que João. 47. Disse Jesus: O homem não pode montar em dois cavalos, nem pode retesar dois arcos. O servo não pode servir a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Nenhum homem que bebeu vinho velho deseja beber vinho novo. Não se coloca vinho novo em odres velhos, com medo que se rompam; vinho novo se coloca em odres novos, para que não se perca. Não se cose um remendo velho em roupa nova, para não causar rasgão. 48. Disse Jesus: Se dois viverem em paz e harmonia na mesma casa, dirão a um monte "sai daqui! " – e ele sairá. 49. Disse Jesus: Felizes sois vós, os solitários e os eleitos, porque achareis o Reino. Sendo que vós saístes dele, a ele voltareis. 50. Disse Jesus: Se os homens vos perguntarem donde viestes, respondei-lhes: Nós viemos da luz, lá onde ela nasce de si mesma, surge e se manifesta em sua imagem. E se vos perguntarem: Quem sois vós? Respondei-lhes: Nós somos os filhos eleitos do Pai vivo. Se os homens vos perguntarem: Qual o sinal do Pai em vós? Respondei: É movimento e repouso ao mesmo tempo. 51. Seus discípulos perguntaram: Quando virá o repouso dos mortos e em que dia virá o mundo novo? Respondeu-lhes ele: Aquilo que vós aguardais já veio – mas vós não o conheceis. 52. Disseram-lhe os discípulos: Vinte e quatro profetas falaram em Israel, e todos falaram de ti. Respondeu-lhes ele: Rejeitastes aquele que está vivo diante de vós, e falais dos mortos. 53. Perguntaram-lhe os discípulos: A circuncisão é útil ou não? Respondeu-lhes ele: Se ela fosse útil, o homem já nasceria circuncidado. A verdadeira circuncisão é espiritual, e esta é útil a todos. 54. Disse Jesus: Felizes os pobres, porque vosso é o Reino dos céus. 55. Disse Jesus: Quem não odiar seu pai e sua mãe não pode ser meu discípulo. Quem não odiar seus irmãos e suas irmãs não é digno de mim. 56. Disse Jesus: Quem conhece o mundo, achou um cadáver; e quem achou um cadáver, dele não é digno o mundo. 57. Jesus disse: O Reino do Pai é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. De noite, porém, veio seu inimigo e semeou erva má no meio da semente boa. O senhor do campo não permitiu que se arrancasse a erva má, para evitar que, arrancando esta, também fosse arrancada a erva boa. No dia da colheita se manifestará a erva má. Então será ela arrancada e queimada. 58. Feliz do homem que foi submetido à prova – porque ele achou a vida. 59. Disse Jesus: Olhai para o Vivo, enquanto viveis, pra que não morrais e desejeis ver aquele que já não podeis ver. 60. Ao entrarem na Judéia, eles viram um samaritano que carregava uma ovelha. Jesus disse a seus discípulos: Por que a carrega? Responderam eles: Para matá-la e comê-la. Disse-lhes Jesus: Enquanto a ovelha está viva, ele não a poderá comer; só depois de morta e cadáver. Replicaram eles: De outro modo não a pode comer. Respondeu-lhes Jesus: Procurai para vós um lugar de repouso, para que não vos torneis cadáveres e sejais devorados. 61. Jesus disse: Haverá dois na mesma cama: um morrerá, o outro viverá. Salomé disse: Quem és tu, ó homem? Como que saído de um só? Tu que usavas a minha cama e comias à minha mesa? Responde Jesus: Eu vim daquele que é todo um em si; isto me foi dado por meu Pai. Disse Salomé: Eu sou discípula tua. Vem a propósito o dito: Quando o discípulo é vácuo, será repleto de luz; mas quando é dividido, ele será repleto de treva. 62. Eu revelo meus mistérios àqueles que são idôneos para ouvi-los. O que tua mão direta faz não o saiba a tua mão esquerda. 63. Disse Jesus: Um homem rico tinha muitos bens. E disse: Vou aproveitar os meus bens; vou semear, colher, plantar e encher meus armazéns, para que não me venha a faltar nada. Foi isto que ele pensou em seu coração. E nesta noite ele morreu. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 64. Disse Jesus: Um homem fez um banquete e, depois de tudo preparado, enviou seu servo para chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: Meu senhor te convida para o banquete. O homem respondeu: Uns negociantes me devem dinheiro; eles vêm à minha casa esta noite, e eu tenho de falar com eles; peço-te que me dispenses de comparecer ao jantar. O servo foi até outro e disse: Meu senhor te convidou. Este respondeu: Comprei uma casa, e marcaram um dia para mim; não tenho tempo para vir. O servo foi a outro e disse-lhe: Meu senhor te convida. Este respondeu: Um amigo meu vai casar-se, e eu fui convidado para preparar a refeição; não posso atender; favor dispensar-me. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: Meu senhor te convida. Este respondeu: Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo. O servo retornou e comunicou ao seu senhor: Os convidados ao banquete pedem que os dispenses de comparecerem. Disse o senhor a seu servo: Vai pelos caminhos e traze os que encontrares, para que venham ao meu banquete; mas os compradores e negociantes não entrarão nos lugares de meu Pai. 65. Disse ele: Um homem tinha uma vinha. Arrendou-a a uns colonos para a cultivarem, a fim de receber deles o fruto. Enviou seu servo para receber o fruto da vinha. Os colonos prenderam o servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: Talvez não o tenham reconhecido. E enviou-lhes outro servo. Mas os colonos espancaram também este. Então o senhor mandou seu filho, dizendo: Talvez tenham respeito a meu filho. Mas, como os camponeses soubessem que esse era o herdeiro da vinha, prenderam-no e o mataram. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 66. Disse Jesus: Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram. Ela é a pedra angular. 67. Disse Jesus: Quem conhece o universo, mas não se possui a si mesmo, esse não possui nada. 68. Disse Jesus: Felizes sois vós, se vos rejeitarem e odiarem. E lá onde vos tiraram e odiaram não será encontrado lugar algum. 69. Disse Jesus: Felizes no seu coração são os perseguidos, os que na verdade conhecem o Pai. Felizes são os famintos, porque o corpo dos que sabem querer será saciado. 70. Jesus disse: Se fizerdes nascer em vós aquele que possuis, ele vos salvará; mas, se não possuirdes em vós a este, então sereis mortos por aquele que não possuis. (falando do corpo e da alma) 71. Disse Jesus: Destruirei esta casa, e ninguém a poderá reconstruir. 72 . Alguém diz a Jesus: Dize a meus irmãos que repartam comigo os bens de meu pai. Respondeu Jesus: Homem, quem me constituiu partidor? E dirigindo-se a seus discípulos, disse-lhes: Será que eu sou um partidor? 73. Disse Jesus: Grande é a safra, e poucos são os operários. Pedi, pois ao Senhor para que mande operários à sua seara. 74. Disse ele: Senhor, muitos rodeiam a fonte, mas ninguém entra na fonte. 75. Disse Jesus: Muitos estão diante da porta – mas somente os solitários é que entram na câmara nupcial. 76. Disse Jesus: O Reino é semelhante a um negociante que possuía um armazém. Achou uma pérola, e, sábio como era, vendeu todo o armazém e comprou essa pérola única. Procurai também vós o tesouro imperecível, que se encontra lá onde as traças não se aproximam para comê-lo nem os vermes o destroem. 77. Disse Jesus: Eu sou a luz, que está acima de todos. Eu sou o “Todo”. O Todo saiu de mim, e o Todo voltou a mim. Rachai a madeira – lá estou eu. Erguei a pedra – lá me achareis. 78. Disse Jesus: Por que saístes ao campo? Para verdes um caniço agitado pelo vento? Ou um homem vestido de roupas macias? Os reis e os grandes vestem roupas macias – e eles não poderão conhecer a verdade. 79. Uma mulher da multidão disse-lhe: Feliz o ventre que te gestou e os seios que te amamentaram. Respondeu ele: Felizes os que ouviram o Verbo do Pai e viveram a Verdade. Porque dias virão em que direis: Feliz o ventre que não concebeu, e felizes os seios que não amamentaram. 80. Disse Jesus: Quem conheceu o mundo encontrou o corpo. Mas quem encontrou o corpo, desse tal não é digno o mundo. (o mundo material é um corpo morto, não digno do homem espiritual) 81. Quem ficou rico, saiba dominar-se; quem ficou poderoso, saiba renunciar. 82. Quem está perto de mim está perto da chama; quem está longe de mim está longe do Reino. 83. Disse Jesus: As imagens se manifestam ao homem, e a luz que está oculta nelas – na imagem da luz do Pai – se revelará, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz. 84. Disse Jesus: Quando virdes a vossa semelhança, alegrai-vos. Mas, quando virdes o vosso modelo, que desde o princípio estava em vós e nunca morrerá, nem jamais se revela plenamente – será que suportareis isto? 85. Disse Jesus: Adão nasceu de um grande poder e de uma grande riqueza. Mas não era digno deles. Se deles fosse digno, não teria morrido. 86. Disse Jesus: As raposas têm as suas tocas; as aves têm os seus ninhos - mas o Filho do Homem não tem onde repousar a sua cabeça. 87. Miserável o corpo que depende de outro corpo, e miserável a alma que depende desses dois. 88. Os arautos e os profetas irão ter convosco e vos darão o que é vosso. Dai-lhes também vós o que é deles. 89. Disse Jesus: Por que lavais o exterior do recipiente? Não sabeis que o mesmo que creou o interior creou também o exterior? 90. Jesus disse: Vinde a mim, porque o meu jugo é suave e o meu domínio é agradável – e encontrareis repouso para vós mesmos. 91. Disseram-lhe eles: Dize-nos quem és tu, para que tenhamos fé em ti. Respondeu-lhes ele: Vós examinais o aspecto do céu e da terra, mas não conheceis aquele que está diante de vós. Não sabeis dar valor ao tempo presente. 92. Disse Jesus: Procurai, e achareis. O que me perguntastes nesses dias, eu não vos disse; agora vos digo – e não me perguntais. 93. Não deis as coisas puras aos cães, para que não as arrastem ao lodo. Nem lanceis as pérolas aos porcos, para que não as conspurquem. 94. Quem procura achará; a quem bate abrir-se-lhe-á. 95. Quando tendes dinheiro, não o empresteis a juros, mas dai-o a quem não vos possa restituir. 96. O Reino do Pai é semelhante a uma mulher que tomou um pouco de fermento, misturou-o com a massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! 97. Disse Jesus: O Reino é semelhante a uma mulher que levava por um longo caminho uma vasilha cheia de farinha. Pelo caminho, uma alça da vasilha quebrou e a farinha se espalhou atrás dela sem que ela o percebesse; e por isto não se afligiu. Chegada em casa, ela colocou a vasilha no chão – e achou-a vazia. 98. Disse Jesus: O Reino do Pai é semelhante a um homem que quis matar um poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão era forte o suficiente para realizar a tarefa. Depois foi matar o poderoso. 99. Seus discípulos lhe disseram: Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora. Respondeu-lhes ele: Os que, nesses lugares, fazem a vontade de meu Pai são os meus irmãos e minha mãe, e são eles que entrarão no Reino de meu Pai. 100. Mostraram a Jesus uma moeda de ouro e disseram: Os agentes de César exigem de nós o pagamento do imposto. Respondeu ele: Dai a César o que é de César, e dai a Deus o que é de Deus - e dai a mim o que é meu. 101. Quem não abandona seu pai e sua mãe, como eu, não pode ser meu discípulo. E quem não amar a seu Pai e sua Mãe, como eu, esse não pode ser meu discípulo; porque minha mãe me gerou, mas minha Mãe verdadeira me deu a vida. 102. Disse Jesus: Ai dos fariseus! Eles se parecem com um cão deitado no cocho dos bois; não come nem deixa os bois comerem. 103. Disse Jesus: Feliz do homem que sabe por onde penetram os ladrões! Assim pode erguer-se, reunir forças e estar alerta e pronto antes que eles venham. 104. Disseram-lhe: Vinde, vamos hoje orar e jejuar. Respondeu Jesus: Que falta cometi eu, em que ponto sucumbi? Mas, quando o esposo sair da sua câmara nupcial, então oraremos e jejuaremos. 105. Disse Jesus: Quem conhece o seu pai e sua mãe, porventura será chamado filho de prostituta? (sobre a natureza Divina da alma) 106. Disse Jesus: Se de dois fizerdes um, então vos fareis Filhos do Homem. E então, se disserdes a este monte "retira-te daqui" – ele se retirará. 107. Disse Jesus: O Reino é semelhante a um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas se extraviou, e era a maior de todas. Ele deixou as noventa e nove e foi em busca daquela única até achá-la. E, depois de achá-la, lhe disse: eu te amo mais do que as noventa e nove. 108. Disse Jesus: Quem beber da minha boca se tornará como eu. E eu serei o que ele é. E as coisas ocultas lhe serão reveladas. 109. Disse Jesus: O Reino se parece com um homem que possuía um campo no qual estava oculto um tesouro de que ele nada sabia. Ao morrer, deixou o campo a seu filho, que também não sabia de nada; tomou posse e vendeu o campo – mas o comprador descobriu o tesouro ao arar o campo. 110. Disse Jesus: Quem encontrou o mundo e se enriqueceu, que renuncie ao mundo. 111. Disse Jesus: O céu e a terra se desenrolarão diante de vós, e quem vive do Vivente não verá a morte. Quem se acha a si mesmo, dele não é digno o mundo. 112. Disse Jesus: Deplorável a carne que depende da alma! Deplorável a alma que depende da carne! 113. Os discípulos perguntaram-lhe: Em que dia vem o Reino? Jesus respondeu: Não vem pelo fato de alguém esperar por ele; nem se pode dizer ei-lo aqui! Ei-lo acolá! O Reino está presente no mundo inteiro, mas os homens não o enxergam. 114. Simão Pedro disse: Seja Maria afastada de nós, porque as mulheres não são dignas da vida. Respondeu Jesus: Eis que eu a atrairei, para que ela se torne homem, de modo que também ela venha a ser um espírito vivente, semelhante a vós homens. Porque toda a mulher que se fizer homem entrará no Reino dos céus.

Protoevangelho de Tiago Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Esta página ou secção não cita nenhuma fonte ou referência, o que compromete sua credibilidade (desde fevereiro de 2011). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiáveis e independentes, inserindo-as no corpo do texto por meio de notas de rodapé. Encontre fontes: Google — notícias, livros, acadêmico — Scirus — Bing. Veja como referenciar e citar as fontes. O Proto-Evangelho de Tiago, também conhecido como Evangelho de Tiago e Evangelho da Infância de Tiago, é um evangelho apócrifo escrito provavelmente em 150. Esse título surgiu em fins do século XVI quando foi publicado, pois até então era chamado apenas de Livro de Tiago. Muitos estudiosos consideram o seu texto muito remoto, anterior mesmo aos Evangelhos Canónicos ou até a base deles. A época e seu verdadeiro autor são desconhecidos. Embora tenha sido atribuído a Tiago Menor, filho de Zebedeu, alguns estudiosos refutam essa teoria, uma vez que o autor demonstra relativo desconhecimento do judaísmo. Os Pais da Igreja, Orígenes, Clemente, Pedro de Alexandria, São Justino e São Epifânio citam este evangelho com muita frequência. [editar]A vida de Maria Anunciação a Joaquim e Anna, detalhe de um afresco por Gaudenzio Ferrari, 1544–45: Lendas extra-canônicas sobre o nascimento de Maria se tornaram parte importante da fé católica. Este texto refere a vida de Maria, filha de um homem rico, de nome Joaquim, casado há muitos anos com Ana. O casal era infeliz por por não conseguir ter filhos - fato percebido pela cultura judaica como um castigo de Deus. Joaquim decidiu então jejuar no deserto por 40 dias e 40 noites, pedindo a intervenção divina. Pouco depois, um anjo apareceu a Ana e disse-lhe: "Conceberás e darás à luz, e de tua prole se falará em todo o mundo." Ana dedicou a menina a Deus. Construiu um santuário no quarto de Maria e, quando a menina completou três anos de idade, entregou-a ao Templo de Jerusalém. Ali, os sacerdotes sentaram a menina no terceiro degrau do altar e ela dançou. Maria viveu no templo e Deus escolheu-lhe o noivo. Um anjo visitou Zacarias, o sumo sacerdote, e pediu-lhe que reunisse os viúvos e os seus bastões, pois Deus indicaria desse modo o noivo de Maria. O sinal de Deus foi uma pomba que surgiu do bastão de José, que tentou recusar, afirmando: "Tenho filhos e sou velho, enquanto ela é uma menina. Não quero ser sujeito a zombaria por parte dos filhos de Israel." Zacarias, entretanto, ameaça José com o castigo divino, e este, amedrontado, leva Maria para a sua casa como esposa.

Evangelho de Pedro Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. O Evangelho de Pedro foi descoberto em 1886, no Egito e, segundo os especialistas, fora escrito no século II. Hoje categorizado como apócrifo, chegou a ser utilizado em algumas igrejas cristãs primitivas, sendo inclusive aceito por Serapião de Antioquia (190-221), bispo de Antioquia. Após uma leitura detalhada, Serapião concluiu que seu teor ensinava doutrinas docéticas e mudou o parecer a respeito do livro. Além do bispo Serapião, outros pais da igreja fizeram referência ao texto: Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Jerônimo de Strídon e Teodoreto de Ciro. Índice [esconder] 1 Condenação e escárnio de Jesus 1.1 I 1.2 II 1.3 III 1.4 IV 1.5 V 1.6 VI 2 A guarda do sepulcro 2.1 IX 3 Ressurreição de Jesus 3.1 X 3.2 XI 4 As mulheres e o sepulcro 4.1 XII 4.2 XIII 5 Conclusão 5.1 XIV 6 Ligações Externas [editar]Condenação e escárnio de Jesus [editar]I 1. Mas nenhum dos judeus lavou as mãos, nem Herodes, nem qualquer de seus juízes. Como não quisessem eles lavar-se, Pilatos se levantou. 2. Mandou, então o rei Herodes que levassem o Senhor para fora, dizendo-lhes: “Fazei tudo o que vos ordenei que fizésseis”. [editar]II 3. Encontrava-se ali José, amigo de Pilatos e do Senhor. Quando soube que o crucificariam, dirigiu-se a Pilatos e lhe pediu o corpo do Senhor para ser sepultado. 4. Pilatos, de sua parte, o mandou a Herodes para que lhe pedisse o corpo. 5. Disse Herodes: “Irmão Pilatos, ainda que ninguém o tivesse pedido, nós o teríamos sepultado, pois se aproxima o sábado. E está escrito na lei: ‘Não se ponha o sol sobre o justiçado’”. E o entregou ao povo no dia antes dos ázimos, a festa deles. [editar]III 6. Apoderando-se do Senhor, eles o empurravam e diziam: “Arrastemos o filho de Deus, pois finalmente caiu em nossas mãos”. 7. Vestiram-no com um manto de púrpura, fizeram-no sentar-ser numa cadeira do tribunal, dizendo: “Julga com justiça, ó rei de Israel!” 8. Um deles trouxe uma coroa de espinhos e a colocou na cabeça do Senhor. 9. Outros que ali se encontravam e cuspiram-lhe no rosto; outros lhe batiam nas faces, outros o fustigavam com uma vara; alguns o flagelavam, dizendo: “Esta é a honra que prestamos ao filho de Deus”. [editar]IV 10. Levaram para lá dois malfeitores e crucificaram o Senhor no meio deles. Mas ele se calava como se não sentisse qualquer dor. 11. Quando ergueram a cruz, escreveram no alto: “Este é o rei de Israel”. 12. Colocaram as vestes diante dele, dividiam-nas e lançaram sorte sobre elas. 13. Mas um dos malfeitores o repreendeu, dizendo: “Nós sofremos assim por causa de ações más que praticamos. Este, porém, que se tornou salvador dos homens, que mal vos fez?” 14. Indignados contra ele, ordenaram que não lhe fossem quebradas as pernas e assim morresse entre os tormentos. [editar]V 15. Era meio-dia, quando as trevas cobriram toda a Judéia. Eles se agitavam e se angustiavam, supondo que o sol já se tivesse posto, pois ele ainda estava vivo. E está escrito para eles: “Não se ponha o sol sobre um justificado”. 16. E um deles disse: “Dai-lhe de beber fel com vinagre”. Fizeram um mistura e lhe deram para beber. 17. E cumpriram tudo, enchendo desse modo a medida de seus pecados sobre suas cabeças. 18. Muitos andavam com fachos e, pensando que fosse noite, retiraram-se para repousar. 19. E o Senhor gritou, dizendo: “Minha força, minha força, tu me abandonaste!” Enquanto assim falava, foi assumido na glória. 20. Na mesma hora o véu do templo de Jerusalém se rasgou em duas partes. [editar]VI 21. Tiraram os pregos das mãos do Senhor e o depuseram no chão. Tremeu toda a terra e houve grande medo. 22. Brilhou, então, o sol e reconheceram que era a nona hora (três horas da tarde). 23. Alegraram-se os judeus e deram seu corpo a José para que o sepultasse. José tinha visto todo o bem quem Jesus fizera. 24. Tomando o Senhor, levou-o, envolvendo-o em um lençol e o depositou em seu próprio sepulcro, chamado jardim de José. VII 25. Os judeus, os anciãos e os sacerdotes, tal qual Judas, o Homem de Quiriote, compreenderam, então, o grande mal que tinham feito a si mesmos e começaram a lamentar-se, batendo no peito e dizendo: "Ai de nós, por causa de nossos pecados! O juízo e fim de Jerusalém estão agora próximos!". 26. Depois, quarenta anos mais tarde, Jerusalém foi invadida, o Templo destruído. Ao longo desses quarenta anos, como mesmo cita nossos sábios no Talmud, o fio escarlate nunca mais se tornara branco, indicando, assim, o Deus de nossos pais, que Israel encheu a medida de seus pecados, rejeitando o Cristo, o Filho do Deus vivo. VIII 27. Eu (Pedro) e meus amigos estávamos tristes; de ânimo abatido nos escondíamos. Estávamos sendo procurados por eles como malfeitores e como aqueles que queriam incendiar o templo. 28. Por causa de tudo isto, jejuávamos e nos assentávamos, lamentando-nos e chorando noite e dia, até o sábado. [editar]A guarda do sepulcro 29. Os escribas, os fariseus e os anciãos se reuniram, pois ficaram sabendo que todo o povo murmurava e se lamentava, batendo no peito e dizendo: “Se por ocasião de sua morte se realizaram sinais tão grandes, vede quanto ele era justo!” 30. Tiveram medo e foram a Pilatos, pedindo-lhe: “Dá-nos soldados para que seu túmulo seja vigiado por três dias. Que não aconteça que seus discípulos venham roubá-lo e o povo acredite que ele tenha ressuscitado dos mortos e nos faça mal”. 31. Pilatos deu-lhes o centurião Petrônio com soldados para vigiar o sepulcro. Com eles dirigiram-se ao túmulo os anciãos e os escribas 32. e todos os que ali estavam com o centurião. Os soldados rolaram uma grande pedra 33. e a colocaram na entrada do túmulo. Nela imprimiram sete selos. Depois ergueram ali uma tenda e montaram guarda. [editar]IX 34. Pela manhã, ao despontar do sábado, veio de Jerusalém e das vizinhanças uma multidão para ver o túmulo selado. [editar]Ressurreição de Jesus 35. Mas durante a noite que precedeu o dia do Senhor, enquanto os soldados montavam guarda, por turno, dois a dois, ressoou no céu uma voz forte 36. e viram abrir-se os céus e descer de lá dois homens, com grande esplendor, e aproximar-se do túmulo. 37. A pedra que fora colocada em frente à porta rolou donde estava e se pôs de lado. Abriu-se o sepulcro e nele entraram os dois jovens. [editar]X 38. À vista disto, os soldados foram acordar o centurião e os anciãos, pois também estes estavam de guarda. 39. E enquanto lhes contavam tudo o que tinham presenciado, viram também sair três homens do sepulcro: dois deles amparavam o terceiro e eram seguidos por uma cruz. 40. A cabeça dos dois homens atingia o céu, enquanto a daquele que conduziam pela mão ultrapassava os céus. 41. Ouviram do céu uma voz que dizia: “Pregaste aos que dormem?” 42. E da cruz se ouviu a resposta: -- “Sim”. [editar]XI 43. Eles, então, deliberaram em conjunto ir relatar essas coisas a Pilatos. 44. Enquanto ainda conversavam, abriram-se novamente os céus. Um homem desceu e entrou no túmulo. 45. Vendo aquilo, o centurião e os que estavam com ele apressaram-se, sendo ainda noite, a procurar Pilatos, deixando o sepulcro que tinham vigiado. Extremamente abalados, expuseram tudo o que tinham visto e disseram: “Era verdadeiramente filho de Deus”. 46. Pilatos respondeu: “Sou inocente do sangue do filho de Deus, fostes vós que decidistes assim”. 47. Depois todos se aproximaram, pedindo e suplicando que ordenasse ao centurião e aos soldados não contar a ninguém o que tinham visto. 48. “Para nós, diziam, é melhor ser culpado de gravíssimo pecado diante de Deus, do que cair nas mãos do povo judeu e ser lapidados”. 49. Pilatos, então ordenou ao centurião e aos soldados que nada dissessem. [editar]As mulheres e o sepulcro [editar]XII 50. Ao amanhecer do dia do Senhor, Maria Madalena, discípula do Senhor, que, por medo dos judeus ardentes de cólera, não havia feito na sepultura do Senhor tudo quanto as mulheres costumavam fazer pelos mortos que lhes eram caros, 51. tomou consigo as amigas e dirigiu-se ao túmulo onde tinha sido posto. 52. Elas temiam ser vistas pelos judeus e diziam: “Se, no dia em que foi crucificado, não podemos chorar e lamentar-nos batendo no peito, façamo-lo pelo menos agora seu túmulo”. 53. Quem, no entanto, nos há de revolver a pedra colocada na entrada do sepulcro, a fim de que possamos entrar, sentar-nos em volta dele cumprir o que lhe é devido? 54. A pedra é grande e tememos que alguém nos veja. Se não o pudermos fazer, deponhamos, pelo menos, na porta o que trouxemos em sua memória. Choraremos e nos lamentaremos, batendo-nos no peito até a hora de voltarmos para casa”. [editar]XIII 55. Mas quando chegaram, encontraram o sepulcro aberto. Aproximando-se, inclinaram-se e viram ali um jovem sentado no meio do sepulcro. Era belo e estavam revestido de túnica de raro resplendor. Perguntaram-lhe: 56. “Por que viestes? A quem procurais? Por acaso, aquele que foi crucificado? Ressuscitou e foi-se embora. Se não o acreditais, inclinai-vos e olhai o lugar onde jazia. Não está mais. Ressuscitou, na verdade, e voltou para o lugar donde veio”. 57. As mulheres fugiram atemorizadas. [editar]Conclusão [editar]XIV 58. Era o último dia dos Ázimos. Muitos deixavam a cidade e voltavam para suas casas; acabara-se a festa. 59. Nós, porém, os onze apóstolos do Senhor, chorávamos e nos entristecíamos. Depois, cada um, angustiado por tudo o que tinha acontecido, voltou para sua casa. 60. Passado alguns dias, estando nós trancados por causa da fúria dos sacerdotes e dos anciãos, apareceu Jesus em nosso meio, dizendo: "filhos, vejais por vós mesmos, eis minha vida, pois assim prometeu o Deus de nosso pais (bendito seja seu nome)". 61. Nesse exato momento, o espírito do SENHOR se apossou de mim, e eu exclamei: "bendito és tu em verdade, ó Deus de todas as coisas, pois não nos desamparaste, deste vida ao teu Ungido, garantia de nossa vida, este que nos levantarás da morte naquele dia!" 62. Apesar dessa manifestação de vida, por parte do Ungido do SENHOR, Tomé ainda duvidava, pois o temor que se apossou dele não permitia ele crer nem neste momento. O Senhor olhou profundamente nos olhos de Tomé, e disse: "Tomé, Tomé, não vos atemorizeis, pois vivo para que tenhais vida." 63. Tomé chorou. Jesus tocou em seu ombro, e disse: "tocais em minhas feridas, é por elas que tens vida." Desse instante Tomé não mais duvidou, pois o Senhor manifestou em verdade sua ressurreição. 64. Dias depois, estando nós reunidos com o Senhor, o Senhor nos deu autoridade na terra, assim como o Pai o tinha autorizado. Elevado aos céus, contemplamos o Senhor, e os anjos que apareceram nesse instante, nos disseram: "eis que a Vida virá, espere-a, pois assim como a viste subir, os santos dos últimos dias a verão vindo dos céus, pois assim está escrito: 'vi um como Filho do Homem vindo nas nuvens do céus.'" 65. Pacientemente aguardamos o Senhor, continuando sua obra na terra, de transmitir vida a todo aquele que quiser viver. O mundo estava entregue em nossas mãos, pois autoridade nos foi dada. O evangelho prevalecerá, pois o domínio é dos santos. Os santos do Senhor dominarão o mundo desde já, a Igreja dos Senhor espalhar-se-a nos quatro cantos da terra, pois o Cristo reina, e nós com ele. Amém. [editar]Ligações Externas

Razões Pelas Quais Sua Oração não é Respondida

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Verdade Oculta Nebiru ou planeta x O que dizem os cientistas 55

ÍNDIOS ADVENTISTAS NO AMAZONAS - imagens Paulo Rios

Eu concordo contigo, os brancos fizeram muita coisa errada, mas eu estou falando de cristãos adventistas, brancos ou não. Se você conhecer os adventistas, você verá que eles são pessoas diferentes, são cristãos de verdade. Não somos perfeitos, mas estamos levando a mensagem de salvação a todo o mundo, como Jesus ordenou.

domingo, 27 de maio de 2012

10 maneiras de tirar um capeta

Irmão,até parece que uma pessoa endemoniada fica quetinha, esperando o pastor expulsar.Esses pastores mentirosos não sabem oque é espulsar demonios de verdade. As pessoas endemonhadas recebem uma força demoniaca tão forte, que são capazes de fazer coisas sobrenaturais, como subir as paredes, derrubar todas as pessoas que estão perto.Pessoas com o demonio falam todos os pecados de cada pessoa presente em um local.
Esses caras são cães gulosos atras de dinheiro. querem hipnotizar as pessoas

sábado, 26 de maio de 2012

O Discurso de Satanás (O Diabo no Banco dos Réus)Dub

O Diabo no Banco dos Réus - Mensagem

VEJA ESSE FILME, TIRE SUAS PROPPRIAS CONCLUSÕES. SOBRE ( RELIGIÃO ). PA...

VEJA ESSE FILME, TIRE SUAS PROPPRIAS CONCLUSÕES. SOBRE ( RELIGIÃO ). PA...

VEJA ESSE FILME, TIRE SUAS PROPPRIAS CONCLUSÕES. SOBRE ( RELIGIÃO ). PA...

VEJA ESSE FILME, TIRE SUAS PROPPRIAS CONCLUSÕES. SOBRE ( RELIGIÃO ). PA...

VEJA ESSE FILME, TIRE SUAS PROPPRIAS CONCLUSÕES. SOBRE ( RELIGIÃO ). PA...

Meu Jesus Senhor e Salvador o sistema entende td errado, mais é isso msm q a religião passa p pessoas, não os verdadeiros ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo!!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Estão Chamando Jesus de Cavalo na internet part 2

Misteriosos buracos aparecem pelo mundo..

Enormes buracos aparecem pelo mundo,e os cientistas não sabem explicar o que podem ter causado aquilo...

Fome e Miséria: Ate Quando?

Os direitos humano podia criar um projeto para ajudar esse país que tem a fome e cria um meio para eles trabalhar para eles sobre viver e vencer a fome

A FOME NA ÁFRICA - Sombanco, Bradesco] agencia3231conta0095106-4lia, Quênia, Etiópia!

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A Resposta Para Absolutamente Tudo

Resumo breve:. No tempo do Hitler as crianças alemãs eram obrigadas a ir para a escola desde muito cedo,(até aqui nada de mal) se não estou em erro a partir dos três anos, mas eram de alguma forma retiradas aos pais, para lhe darem a doutrina nazi, e era a única educação que recebiam, obviamente também aprendiam o que de normal se ensina na escola, daí essas crianças na idade adulta não conhecerem outra forma de viver e pensar a não ser o nazismo

Inquisição A Face Negra do Catolicismo Romano-Completo.

será que conseguirão um que advogue está causa ??? a condenação desses é certa,pois assim como o ISLÃ nos tempos de hoje mata cruelmente e aterroriza nações para fazer prosélitos a roma papal nos céculos passados massacrou nações sem misericórdia,mas APOCALIPSE 18:4 é um aviso aos que ainda fazem parte do corpo desta MERETRIZ,só não vê quem não quer.
Alguém aqui quer conhecer sobre os horrores da perseguição aos judeus pela Igreja católica? Façam uma séria investigação e não deixem de ler os volumes da "HISTÓRIA DA INQUISIÇÃO" em Portugal. Os horrores ali praticados, fazem inveja aos piores assassinos da atualidade. Horrores tais, aprovados pelos papas. Esses relatos fazem corar de vergonha os cristãos verdadeiros que amam a Jesus de todo coração.

O Livro de Urântia Documento 124 A Segunda Infância de Jesus (1366.1) 124:0.1 EMBORA Jesus pudesse ter desfrutado, em Alexandria, de uma oportunidade melhor para estudar, do que na Galiléia, ele não teria tido um ambiente tão esplêndido para trabalhar nos problemas da sua própria vida, com um mínimo de orientação educacional e, ao mesmo tempo, desfrutar da grande vantagem de estar em contato constante com um número tão vasto de todas as espécies de homens e mulheres, vindos de todas as partes do mundo civilizado. Houvesse ele permanecido na Alexandria e a sua educação teria sido dirigida pelos judeus e conduzida ao longo de uma linha exclusivamente judaica. Em Nazaré, ele assegurou uma educação e recebeu uma instrução que o preparou de modo mais aceitável para compreender os gentios; e deu a ele uma idéia melhor e mais equilibrada dos méritos relativos das visões da teologia hebraica oriental, ou babilônica, e da ocidental ou helênica. 1. O Nono Ano de Jesus (3 d.C.) (1366.2) 124:1.1 Embora de fato não possa ser dito que Jesus tenha estado doente seriamente, ele teve algumas das doenças mais leves da infância nesse ano, junto com os seus irmãos e a sua irmã bebê. (1366.3) 124:1.2 Continuou na escola e era ainda um aluno favorecido, tendo uma semana livre a cada mês; e continuou a dividir o seu tempo igualmente entre as viagens às cidades da vizinhança com o seu pai, as permanências na fazenda do seu tio no sul de Nazaré e as excursões de pescaria em Magdala. (1366.4) 124:1.3 O problema mais sério, a acontecer ainda na escola, ocorreu no final do inverno quando Jesus ousou desafiar o chazam a respeito do ensinamento de que todas as imagens, pinturas e desenhos eram idólatras, pela sua natureza. Jesus deliciava-se em desenhar paisagens tanto quanto em modelar uma grande variedade de objetos em cerâmica. Tudo, nesse sentido, era estritamente proibido pela lei judaica, mas até esse momento Jesus havia conseguido desarmar as objeções dos seus pais de um modo tal que eles lhe tinham permitido continuar com essas atividades. (1366.5) 124:1.4 Mas o problema foi novamente levantado na escola, quando um dos alunos mais atrasados descobriu Jesus fazendo, a carvão, um desenho do professor no chão da sala de aula. Lá estava, claro como o dia; e muitos dos anciães tinham visto aquilo antes que o comitê fosse chamar José para exigir que algo fosse feito para acabar com o incumprimento da lei por parte do seu filho primogênito. E, embora não tenha sido essa a primeira vez que as reclamações chegavam a José e Maria, sobre as coisas que o seu versátil e ativo menino fazia, era essa a mais séria de todas as acusações que até então haviam sido lançadas contra ele. Jesus escutou a acusação, sobre os seus esforços artísticos, durante algum tempo, assentado que estava em uma grande pedra no lado de fora da porta dos fundos. Ele ressentiu-se de que houvessem culpado o seu pai pelos erros que alegavam haverem sido cometidos por ele; e assim avançou, destemidamente, para confrontar-se com os seus acusadores. Os anciães ficaram confusos. Alguns estavam inclinados a ver o episódio com humor, enquanto um ou dois pareciam pensar que o menino fosse um sacrílego, se não até blasfemo mesmo. José estava perplexo e Maria indignada, mas Jesus insistia em ser ouvido. E ele teve a palavra e, corajosamente, defendeu o seu ponto de vista com o consumado e amplo autocontrole e anunciou que se conformaria à decisão do seu pai, nesta, como em todas as outras questões controvertidas. E o comitê dos anciães partiu em silêncio. (1367.1) 124:1.5 Maria fez um esforço para influenciar José a permitir que Jesus modelasse a argila em casa, desde que ele prometesse não fazer nenhuma dessas atividades questionáveis na escola, mas José sentia-se compelido a impor que a interpretação rabínica do segundo mandamento devesse prevalecer. E, assim, Jesus não mais desenhou nem modelou à semelhança de nada, daquele dia em diante, durante todo o tempo em que viveu na casa do seu pai. Mas ele não estava convencido de que aquilo que havia feito era errado; e abandonar esse passatempo favorito constituiu-se em uma das maiores provações da sua vida de jovem. (1367.2) 124:1.6 Na segunda metade de junho, Jesus, na companhia do seu pai, pela primeira vez, escalou o cume do monte Tabor. Era um dia claro e a vista estupenda. Parecia, a este garoto de nove anos, que estava realmente contemplando o mundo inteiro, exceto a Índia, a África e Roma. (1367.3) 124:1.7 Marta, a segunda irmã de Jesus, nasceu em uma quinta-feira à noite, 13 de setembro. Três semanas depois da chegada de Marta, José, que estivera em casa, por um certo período, iniciou a construção de uma extensão da casa, uma combinação de oficina e de quarto de dormir. Uma pequena bancada de trabalho foi construída para Jesus e, pela primeira vez, ele teve ferramentas que lhe pertenciam. Nas horas vagas, durante muitos anos, ele trabalhou nessa bancada e tornou-se altamente perito em fazer juntas. (1367.4) 124:1.8 Esse inverno e o próximo foram, por muitas décadas, os mais frios em Nazaré. Jesus tinha visto a neve nas montanhas e, muitas vezes, ela havia caído em Nazaré, permanecendo no chão apenas por pouco tempo; mas, antes desse inverno, ele jamais tinha visto o gelo. O fato de que a água podia ser um sólido, um líquido e um vapor — e tanto havia ele já ponderado sobre o vapor a escapar das panelas ferventes — levou o pequeno a pensar bastante sobre o mundo físico e a sua constituição; e, todavia, a personalidade corporificada nesse jovem em crescimento era, durante todo esse tempo, a do verdadeiro criador e organizador de todas essas coisas, em todo um vastíssimo universo. (1367.5) 124:1.9 O clima de Nazaré não era severo. Janeiro era o mês mais frio, a temperatura média girando em torno de 10°C. Durante o mês de julho e agosto, os meses mais quentes, a temperatura variava entre 24° e 32° Celsius. Das montanhas até o Jordão e o vale do mar Morto, o clima da Palestina variava desde o frígido até o tórrido. E, assim, de um certo modo, os judeus estavam preparados para viver em todo e qualquer dos climas variáveis do mundo. (1367.6) 124:1.10 Mesmo durante os meses do mais quente verão, em geral, uma brisa fresca vinda do mar soprava do oeste, das dez da manhã até por volta das dez da noite. Mas, de quando em quando, terríveis ventos quentes vindos do leste do deserto sopravam por toda a Palestina. Essas rajadas quentes, em geral, vinham em fevereiro e março, perto da estação chuvosa. Nesses dias, de novembro a abril, a chuva caía em pancadas refrescantes, mas não chovia sem parar. Havia apenas duas estações na Palestina, o verão e o inverno, a estação seca e a estação chuvosa. Em janeiro, as flores começavam a florescer e, no fim de abril, toda a terra era um vasto jardim florido. (1367.7) 124:1.11 Em maio desse ano, na fazenda do seu tio, pela primeira vez, Jesus ajudou na colheita dos cereais. Antes que chegasse aos treze anos, tinha conseguido descobrir coisas sobre praticamente tudo com que os homens e as mulheres trabalhavam em Nazaré, exceto o trabalho em metal; sendo assim, ele passou vários meses em uma oficina de ferreiro quando ficou mais velho, depois da morte do seu pai. (1368.1) 124:1.12 Quando o trabalho e as viagens das caravanas estavam em baixa, Jesus fazia muitas viagens com o seu pai, por prazer ou a negócios, até perto de Caná, En-dor e Naim. Mesmo sendo um menino, ele visitava Séforis freqüentemente, a apenas pouco mais de cinco quilômetros a noroeste de Nazaré, e que fora, do ano 4 a.C. até cerca de 25 d.C., a capital da Galiléia e uma das residências de Herodes Antipas. (1368.2) 124:1.13 Jesus continuou a crescer, física, intelectual, social e espiritualmente. As suas viagens para longe de casa muito fizeram para dar a ele um entendimento melhor e mais generoso da sua própria família e, nessa época, mesmo os seus pais estavam começando a aprender dele, do mesmo modo como lhe ensinavam. Jesus era um pensador original e muito hábil para ensinar, mesmo quando ainda muito jovem. Ele entrava em constante desacordo com a chamada “lei transmitida oralmente”, mas sempre procurou adaptar-se às práticas da sua família. Dava-se bastante bem com as crianças da sua idade, mas freqüentemente ficava desencorajado com a lentidão das suas mentes. Antes de ter dez anos de idade, ele havia se transformado no líder de um grupo de sete garotos, que constituíram uma sociedade para a promoção dos quesitos do amadurecimento — físico, intelectual e religioso. Entre esses meninos, Jesus teve êxito em introduzir muitos novos jogos e vários métodos aperfeiçoados de recreação física. 2. O Décimo Ano (4 d.C.) (1368.3) 124:2.1 Era o primeiro sábado do mês, 5 de julho, quando Jesus, enquanto passeava com o seu pai pelos campos no interior, pela primeira vez, deu expressão aos sentimentos e idéias que indicavam que ele estava tornando-se autoconsciente da natureza inusitada da missão da sua vida. José escutou atento as palavras importantes do seu filho e poucos comentários fez, não contribuindo com nenhuma informação. No dia seguinte Jesus teve uma conversa semelhante, mas mais longa, com a sua mãe. Maria, do mesmo modo, escutou os pronunciamentos do garoto, mas também ela não quis adiantar nenhuma informação. Quase dois anos depois é que Jesus novamente falou aos seus pais sobre a revelação que crescia dentro da sua própria consciência a respeito da natureza da sua personalidade e do caráter da sua missão na Terra. (1368.4) 124:2.2 Ele entrou na escola adiantada da sinagoga em agosto. Na escola, estava constantemente gerando impasses com as perguntas que continuava fazendo. E, cada vez mais, Jesus mantinha toda a Nazaré em uma espécie de efervescência. Aos seus pais repugnava a idéia de proibir que ele fizesse esses questionamentos inquietantes; e o seu professor principal estava bastante intrigado com a curiosidade do jovem, o seu discernimento interior e sua fome de conhecimento. (1368.5) 124:2.3 Os companheiros de Jesus nada viam de sobrenatural na sua conduta; pela maioria dos seus modos ele era exatamente como eles. O seu interesse nos estudos era de um certo modo acima do normal, mas não inteiramente inusitado. Na escola ele fazia mais perguntas do que os outros na sala de aula. (1368.6) 124:2.4 Talvez a sua característica mais incomum e destacada fosse a sua pouca disposição de lutar pelos direitos próprios. Como ele era um garoto tão bem desenvolvido para sua idade, parecia estranho aos seus companheiros que ele não estivesse inclinado a defender-se sequer das injustiças, nem quando submetido a abuso pessoal. Como quer que fosse, ele não sofria muito em vista dessa sua característica, por causa da sua amizade com Jacó, o garoto vizinho, que era um ano mais velho. Filho de um pedreiro, sócio de José nos negócios, Jacó era um grande admirador de Jesus e tomou a si a tarefa de fazer com que a ninguém fosse permitido impor-se a Jesus, às custas da aversão que ele tinha ao combate físico. Muitas vezes os jovens mais velhos e mais rudes atacavam Jesus, confiando na sua reputação de docilidade, mas eles sofriam sempre uma retribuição, rápida e certa, das mãos do seu abnegado campeão e defensor voluntário, Jacó, o filho do pedreiro. (1369.1) 124:2.5 Jesus, em geral, era o líder aceito dos meninos de Nazaré, daqueles que tinham os ideais mais elevados naqueles dias e na sua geração. Era realmente amado pelos companheiros do seu círculo, não apenas por ser justo, mas também por ser dono de uma simpatia rara e compreensiva que revelava amor e beirava uma compaixão discreta. (1369.2) 124:2.6 Nesse ano Jesus começou a demonstrar uma preferência marcante pela companhia de pessoas mais velhas. Deliciava-se em conversar sobre as coisas culturais, educacionais, sociais, econômicas, políticas e religiosas com mentes mais amadurecidas; e a sua profundidade de raciocínio e agudeza de observação tanto encantava aos seus amigos adultos que eles estavam sempre mais do que dispostos a dialogar com ele. Antes que se tornasse responsável por sustentar a casa, os seus pais estavam constantemente buscando conduzi-lo para que ele se ligasse àqueles da sua própria idade, ou mais próximos da sua idade, de preferência aos indivíduos mais velhos e mais bem informados, pelos quais ele evidenciava certa predileção. (1369.3) 124:2.7 Mais tarde, nesse ano, Jesus teve, com muito êxito, uma experiência de pescaria, durante dois meses, com o seu tio no mar da Galiléia. Antes de transformar-se em um homem adulto, era já um pescador de grande habilidade. (1369.4) 124:2.8 O seu desenvolvimento físico continuou; era um aluno adiantado e privilegiado na escola; em casa dava-se bastante bem com os seus irmãos e irmãs, todos mais jovens, tendo a vantagem de ser três anos e meio mais velho do que o mais velho deles. Ele era bem tido em Nazaré, menos pelos pais de alguns dos meninos mais obtusos, que sempre se referiam a Jesus como sendo muito atrevido, como não tendo a devida humildade e a reserva devida de um jovem. Ele manifestava uma tendência crescente de orientar as atividades das brincadeiras e dos jogos dos seus amigos jovens em uma direção mais séria e mais refletida. Jesus nascera para ensinar e simplesmente não podia refrear-se de agir assim, mesmo quando supostamente empenhado em brincar. (1369.5) 124:2.9 José começou muito cedo a ensinar-lhe os diversos meios para ganhar a vida, explicando as vantagens da agricultura sobre a indústria e o comércio. A Galiléia era um distrito mais belo e mais próspero do que a Judéia, e lá se gastava cerca de um quarto do que se gastava para viver em Jerusalém e na Judéia. Era uma província de aldeias agrícolas e de cidades industriais adiantadas, contendo mais de duzentas cidades com população de mais de cinco mil, e trinta de mais de quinze mil habitantes. (1369.6) 124:2.10 Quando da sua primeira viagem, com o seu pai, feita para observar a indústria de pesca no lago da Galiléia, Jesus havia acabado de se decidir por ser um pescador; mas a convivência estreita com a vocação do seu pai o levou, mais tarde, a tornar-se carpinteiro, enquanto, mais tarde ainda, uma combinação de influências levou-o à escolha final por tornar-se o instrutor religioso de uma nova ordem de coisas. 3. O Décimo Primeiro Ano (5 d.C.) (1369.7) 124:3.1 Durante esse ano Jesus continuou fazendo viagens para longe de casa com o seu pai, mas também visitava freqüentemente a fazenda do seu tio e, ocasionalmente, ia a Magdala para sair em pescaria com o tio que morava perto daquela cidade. (1369.8) 124:3.2 José e Maria muitas vezes se viram tentados a demonstrar algum favoritismo especial por Jesus ou a revelar o conhecimento de que ele era uma criança prometida, um filho do destino. Mas ambos sempre comportaram-se de modo extraordinariamente sábio e sagaz em relação a todas essas questões. Nas poucas vezes que, de qualquer modo, demonstraram alguma preferência por ele, mesmo no mais leve grau, o jovem foi logo rejeitando tal consideração especial. (1370.1) 124:3.3 Jesus passava um tempo considerável na loja de suprimentos para caravanas, e, assim, conversando com os viajantes de todas as partes do mundo, acumulou um volume incrível de informações sobre assuntos internacionais, considerando a sua idade. Esse foi o último ano no qual ele desfrutou de bastante tempo livre para as alegrias da juventude. Dessa época em diante, as dificuldades e responsabilidades multiplicaram-se rapidamente na vida desse jovem. (1370.2) 124:3.4 À noite, na quarta-feira, 24 de junho do ano 5 d.C., nasceu Judá. O nascimento dessa criança, a sétima, acarretou complicações. Durante várias semanas, Maria ficou tão doente que José permaneceu em casa. Jesus ficou muito ocupado, cuidando das tarefas do seu pai e dos muitos deveres ocasionados pela doença séria da sua mãe. Nunca mais a esse jovem foi possível voltar à atitude juvenil dos seus anos anteriores. Desde o tempo da doença da sua mãe — pouco antes dele fazer onze anos de idade — ele havia sido compelido a assumir as responsabilidades de primogênito; assim foi levado a fazê-lo um ou dois anos antes que essas cargas caíssem normalmente sobre os seus ombros. (1370.3) 124:3.5 O chazam, a cada semana, passava uma noite com Jesus, ajudando-o a aprofundar o seu domínio das escrituras hebraicas. E mantinha-se muito interessado no progresso do seu aluno, que era uma promessa; e, assim, estava disposto a ajudá-lo de muitos modos. Esse pedagogo judeu exerceu uma grande influência sobre aquela mente em crescimento, mas nunca foi capaz de compreender por que Jesus ficava tão indiferente a todas as suas sugestões concernentes ao projeto de ir para Jerusalém e continuar a sua educação com os doutos rabinos. (1370.4) 124:3.6 Em meados do mês de maio, o jovem acompanhou o seu pai em uma viagem de negócios a Sitópolis, a principal cidade grega da Decápolis, a antiga cidade hebraica de Betsean. No caminho, José contou grande parte da antiga história do rei Saul, dos filisteus e dos eventos subseqüentes da história turbulenta de Israel. Jesus ficou tremendamente impressionado com a aparência de limpeza e de ordem dessa cidade tida como pagã. Maravilhou-se com o teatro a céu aberto e admirou-se com a beleza do templo de mármore, dedicado à adoração dos deuses “pagãos”. José ficou bastante perturbado com o entusiasmo do jovem e tentou contrabalançar essas impressões favoráveis exaltando a beleza e a grandeza do templo judeu de Jerusalém. Da montanha de Nazaré, muitas vezes Jesus havia contemplado, com curiosidade, essa magnífica cidade grega e tantas vezes perguntara sobre os seus extensos edifícios públicos ornados; o seu pai todavia sempre procurara evitar responder a tais perguntas. Agora estavam face a face com as belezas dessa cidade gentia, e José não podia ignorar gratuitamente as perguntas de Jesus. (1370.5) 124:3.7 E aconteceu que os jogos competitivos anuais, exatamente naquele momento, estavam em andamento, bem como as demonstrações de preparo físico entre as cidades gregas da Decápolis, no anfiteatro de Sitópolis, e Jesus insistiu para que o seu pai o levasse para ver os jogos, e foi tão insistente que José hesitou em negar-lhe aquilo. O jovem ficou entusiasmado com os jogos e entrou, sinceramente, no espírito das demonstrações do desenvolvimento físico e da habilidade atlética. José ficou inexplicavelmente chocado de ver o entusiasmo do seu filho, diante daquelas exibições de vaidade “pagã”. Depois que os jogos terminaram, José tomou-se da maior surpresa da sua vida quando ouviu Jesus expressar a sua aprovação a eles e sugerir que seria bom para os jovens de Nazaré caso pudessem ser beneficiados de tal modo por aquelas atividades físicas ao ar livre. José falou honesta e longamente com Jesus sobre a natureza má de tais práticas, mas ele bem sabia que o filho não se convencera. (1371.1) 124:3.8 A única vez que Jesus viu o seu pai manifestar raiva com ele foi naquela noite no quarto da estalagem, quando, no decorrer da discussão, o jovem, então esquecido dos preceitos judeus, chegou a sugerir que, ao voltarem para casa, eles trabalhassem na construção de um anfiteatro em Nazaré. Quando José ouviu o seu primogênito expressando sentimentos tão pouco judaicos, esqueceu o seu comportamento calmo de costume e, tomando Jesus pelo ombro, furiosamente exclamou: “Meu filho, que eu não ouça nunca mais você exprimir um pensamento tão mau, enquanto você viver!” Jesus ficou assustado com aquela demonstração de emoção feita pelo seu pai; nunca antes tinha sido levado a sentir a indignação pessoal do seu pai e ficara atônito e chocado, mais do que era possível exprimir. E apenas respondeu: “Está bem, meu pai, assim será”. E nunca mais o jovem fez a mais leve alusão, de qualquer modo, aos jogos e outras atividades atléticas dos gregos, enquanto o seu pai viveu. (1371.2) 124:3.9 Posteriormente, Jesus viu o anfiteatro grego em Jerusalém e ficou sabendo o quanto essas coisas podem ser odiosas do ponto de vista judaico. Porém, durante a sua vida, esforçou-se para introduzir a idéia da recreação saudável nos seus planos pessoais e, até onde a prática judaica permitiu, no programa de atividades regulares dos seus doze apóstolos. (1371.3) 124:3.10 Ao final desse décimo primeiro ano de vida, Jesus era um jovem vigoroso, bem desenvolvido, moderadamente bem-humorado e bastante alegre, mas, desse ano em diante, ele tornava-se mais dado a períodos peculiares de profunda meditação e contemplação circunspecta. Era hábito pensar sobre como devia encarar as obrigações para com a sua família e, ao mesmo tempo, ser obediente ao chamado da sua missão para com o mundo; e, então, Jesus já concebia que o seu ministério não deveria se limitar a melhorar o povo judeu. 4. O Décimo Segundo Ano (6 d.C.) (1371.4) 124:4.1 Esse foi um ano cheio de acontecimentos na sua vida. Jesus continuou a fazer progressos na escola e foi infatigável no seu estudo da natureza, e, cada vez mais firmemente, prosseguia nos seus estudos dos métodos pelos quais o homem ganha a vida. Começou a fazer um trabalho regular na carpintaria de casa e lhe foi permitido administrar os seus próprios ganhos, um arranjo muito inusitado para uma família judia. Nesse ano, também aprendeu como é sábio manter esses assuntos como um segredo de família. Estava tornando-se consciente de que tinha causado problemas na cidade, e, doravante, tornar-se-ia cada vez mais discreto, guardando segredo sobre tudo o que pudesse levá-lo a ser considerado como diferente dos seus companheiros. (1371.5) 124:4.2 Durante esse ano ele vivenciou muitos períodos de incerteza, para não dizer de dúvida real, a respeito da natureza da sua missão. A sua mente humana, em desenvolvimento natural, ainda não captava plenamente a realidade da sua natureza dual. O fato de que tivesse uma única personalidade tornava difícil para a sua consciência reconhecer a dupla origem dos fatores que compunham a natureza ligada àquela mesma personalidade. (1371.6) 124:4.3 Dessa época em diante ele teve mais êxito em lidar com os seus irmãos e irmãs. Cada vez com mais tato, era sempre mais compassivo e atento ao bem- estar e à felicidade deles; e manteve sempre um bom relacionamento com todos até o começo da sua ministração pública. Para ser mais explícito: ele dava-se de um modo excelente com Tiago, Míriam, e com as duas crianças mais jovens (ainda não nascidas, então), Amós e Rute, e sempre muito bem com Marta. Todo o problema que ele tinha em casa surgia, quase sempre, de atritos com José e Judá, particularmente com este último. (1372.1) 124:4.4 Foi uma experiência de provação, para José e Maria, realizar a formação dessa combinação sem precedentes de divindade e de humanidade; e ambos merecem um grande crédito por desincumbirem-se tão fielmente e com tanto sucesso das suas responsabilidades de progenitores. Os pais de Jesus iam compreendendo cada vez mais que havia algo de supra-humano residindo neste seu filho mais velho, mas eles nunca, sequer de longe, sonhariam que esse filho de promessa era de fato e na verdade o criador verdadeiro deste universo local de coisas e de seres. José e Maria viveram, e morreram, sem jamais saber que o seu filho Jesus realmente era o Criador do Universo, encarnado na carne mortal. (1372.2) 124:4.5 Nesse ano, Jesus deu mais atenção do que nunca à música; e continuou a ensinar aos seus irmãos e irmãs na escola de casa. E foi por volta dessa época que o jovem tornou-se mais claramente consciente da diferença entre os pontos de vista de José e Maria a respeito da natureza da sua missão. Ele ponderava muito sobre as opiniões divergentes dos seus pais, muitas vezes ao ouvir as suas discussões, quando eles julgavam que ele estava imerso em um profundo sono. Mais e mais se inclinava para a visão do seu pai, de um tal modo que a sua mãe estava destinada a sensibilizar-se com a percepção de que o seu filho estivesse gradualmente rejeitando a sua orientação para as questões que tinham a ver com a carreira da sua vida. E, à medida que os anos passaram, essa lacuna de compreensão ampliou-se. Cada vez menos Maria compreendia o significado da missão de Jesus, e, crescentemente, essa boa mãe ressentia-se com o fato de que o seu filho favorito não correspondesse às expectativas acalentadas por ela. (1372.3) 124:4.6 José alimentava uma crença, cada vez maior, na natureza espiritual da missão de Jesus. E, à parte outras razões mais importantes, parece uma pena de fato que ele não pudesse ter vivido para ver o cumprimento da sua noção do que era a auto-outorga de Jesus na Terra. (1372.4) 124:4.7 Durante o seu último ano na escola, quando tinha doze anos de idade, Jesus contestou perante o seu pai o costume judeu de tocar o pedaço de pergaminho, pregado no portal, todas as vezes que se entra ou que se sai da casa, em seguida sempre beijando o dedo que tocou o pergaminho. Como uma parte desse ritual, era costumeiro dizer: “O Senhor preservará o nosso sair e o nosso entrar, desta vez em diante e para sempre”. José e Maria tinham reiteradamente instruído a Jesus quanto às razões para não fazer imagens ou desenhar figuras, explicando que essas criações poderiam ser usadas com propósitos idólatras. Embora Jesus não compreendesse inteiramente as proscrições contra as imagens e figuras, ele possuía um alto conceito do que é a consistência lógica e, assim sendo, ele destacou para o seu pai a natureza essencialmente idólatra dessa obediência habitual, quanto ao pergaminho do portal. E José retirou o pergaminho, depois que Jesus houvera assim argumentado com ele. (1372.5) 124:4.8 Com o passar do tempo, Jesus fez muita coisa para modificar as práticas das formalidades religiosas dos seus pais, tais como as preces familiares e outros costumes. E foi possível fazer muitas dessas coisas em Nazaré, pois a sinagoga ali se encontrava sob a influência de uma escola liberal de rabinos, representada por José, o renomado instrutor de Nazaré. (1372.6) 124:4.9 Durante esse ano e os dois seguintes, Jesus sofreu um grande desgaste mental por causa do esforço constante de ajustar a sua visão pessoal das práticas religiosas e das amenidades sociais às crenças estabelecidas dos seus pais. Ele atormentava-se com o conflito entre o desejo de ser leal às suas próprias convicções e a exortação da sua consciência ao dever de ser submisso aos seus pais; o seu conflito supremo sendo entre os dois grandes comandos predominantes na sua mente jovem. Um era: “Sê leal aos ditames das tuas convicções mais elevadas sobre a verdade e a retidão”. O outro era: “Honrar o teu pai e a tua mãe, pois eles te deram a vida e te alimentaram desde então”. Contudo, Jesus nunca deixou de lado a responsabilidade de fazer os ajustes cotidianos necessários entre esses domínios: o da lealdade às convicções pessoais e o do dever para com a família. E alcançou a satisfação de saber fundir de um modo cada vez mais harmonioso as convicções pessoais e as obrigações familiares em um conceito magistral de solidariedade grupal, baseado na lealdade, na justiça, na tolerância e no amor. 5. O Seu Décimo Terceiro Ano (7 d.C.) (1373.1) 124:5.1 Durante esse ano, o jovem de Nazaré passou da juvenilidade para o alvorecer da sua juventude como homem; a sua voz começou a mudar, e outros traços da sua mente e do seu corpo evidenciaram o estado iminente da fase de amadurecimento. (1373.2) 124:5.2 No domingo à noite, 9 de janeiro do ano 7 d.C., o seu irmão Amós nasceu. Judá não tinha ainda nem dois anos de idade e a irmã Rute estava ainda para vir; assim pode-se ver que Jesus tinha uma família bastante numerosa, de pequenas crianças, sob os seus cuidados, quando o seu pai encontrou sua morte acidental no ano seguinte. (1373.3) 124:5.3 Foi por volta do meio do mês de fevereiro que Jesus teve a certeza humana de que estava destinado a cumprir, na Terra, uma missão para a iluminação do homem e para a revelação de Deus. Decisões fundamentais, combinadas a planos de longo alcance, estavam sendo formulados na mente desse jovem que era, para efeitos externos, um jovem judeu dentro da média de Nazaré. A vida inteligente de todo o Nébadon contemplava fascinada e maravilhada a tudo que começava a se desenvolver no pensamento e na ação do filho do carpinteiro, agora adolescente. (1373.4) 124:5.4 No primeiro dia da semana, 20 de março, do ano 7 d.C., Jesus graduou-se no curso de instrução, da escola local ligada à sinagoga de Nazaré. Esse era um grande dia na vida de qualquer família judaica ambiciosa, o dia em que o filho primogênito era pronunciado um “filho do mandamento” e o primogênito resgatado do Senhor Deus de Israel, uma “criança do Altíssimo” e servo do Senhor de toda a Terra. (1373.5) 124:5.5 Na sexta-feira da semana anterior, José tinha retornado de Séforis, onde estivera encarregado dos trabalhos de um novo edifício público, para estar presente a essa ocasião festiva. Com muita confiança, o professor de Jesus acreditava que esse diligente e aplicado aluno estivesse destinado a alguma carreira de proeminência, a alguma missão distinguida. Os decanos, não obstante todo o problema que tinham tido com as tendências inconformistas de Jesus, estavam bastante orgulhosos do jovem e tinham já começado a tecer planos para capacitá-lo a ir para Jerusalém e continuar a sua educação nas renomadas academias hebraicas. (1373.6) 124:5.6 Quando ouvia esses planos sendo discutidos, de tempos em tempos, Jesus ficava ainda mais certo de que nunca iria a Jerusalém para estudar com os rabinos. Ele mal sonhava, todavia, com a tragédia iminente e que iria obrigá-lo mesmo a abandonar todos esses planos, que o levaria a assumir a responsabilidade do sustento e da direção de uma grande família, em breve consistindo já de cinco irmãos e três irmãs, bem como da sua mãe e dele próprio. Jesus teve uma experiência maior e mais longa, criando essa família, do que a que teve José, o seu pai; e demonstrou estar à altura do padrão que subseqüentemente estabeleceu para si próprio: o de tornar-se um mestre e um irmão mais velho sábio, paciente, compreensivo e eficiente para uma família — a sua família — assim tão subitamente tocada pela dor de uma perda inesperada. 6. A Viagem a Jerusalém (1374.1) 124:6.1 Jesus, tendo agora atingido o limiar da vida de amadurecimento, e estando já graduado formalmente nas escolas da sinagoga, estava qualificado para ir a Jerusalém com os seus pais e participar com eles da celebração da sua primeira Páscoa. A festa da Páscoa desse ano caía em um sábado, 9 de abril, do ano 7 d.C. Um grupo numeroso (cento e três pessoas) preparou-se para partir de Nazaré, na segunda-feira, 4 de abril, pela manhã, rumo a Jerusalém. E viajaram para o sul, rumo a Samaria, mas ao chegar em Jezreel, tomaram a direção leste, rodeando o monte Gilboa até o vale do Jordão, para evitar passar por Samaria. José e a sua família teriam querido passar por Samaria, pelo caminho do poço de Jacó e de Betel, mas, posto que os judeus desgostavam de lidar com os samaritanos, decidiram ir com os seus vizinhos pelo caminho do vale do Jordão. (1374.2) 124:6.2 O muito temido Arquelau havia sido deposto, e eles pouco tinham a temer ao levar Jesus a Jerusalém. Doze anos eram passados, desde que o primeiro Herodes havia tentado destruir a criança de Belém; e ninguém agora pensaria em associar aquele caso a esse obscuro jovem de Nazaré. (1374.3) 124:6.3 Antes de chegar na encruzilhada de Jezreel, à medida que caminhavam para frente, muito em breve, à esquerda, eles passaram pela antiga aldeia de Shunem e, Jesus, outra vez, escutou a história da virgem mais bela de todo o Israel, que certa vez viveu lá; e também sobre as fantásticas obras que Eliseu havia realizado ali. Ao passar por Jezreel, os pais de Jesus contaram sobre a façanha de Ahab e de Jezebel e sobre a bravura de Jehu. Passando ao redor do monte Gilboa muito eles falaram sobre Saul, que tinha tirado a sua própria vida nos penhascos dessa montanha; do Rei Davi e de outros acontecimentos desse local histórico. (1374.4) 124:6.4 Ao passar pela periferia de Gilboa, os peregrinos puderam ver a cidade grega de Sitópolis à direita. Eles olharam as estruturas de mármore à distância e não chegaram muito perto da cidade gentia para não se sujarem, pois se o fizessem eles não poderiam participar das cerimônias solenes sagradas dessa Páscoa em Jerusalém. Maria não pôde compreender por que nem José nem Jesus falaram de Sitópolis. Ela não sabia da controvérsia que tinham tido no ano anterior, pois nada revelaram a ela desse episódio. (1374.5) 124:6.5 A estrada agora descia imediatamente até o vale tropical do Jordão e, logo, Jesus colocava o seu olhar de admiração sobre o tortuoso e sempre sinuoso Jordão, com as suas águas resplandecentes e ondulantes à medida que fluía para o mar Morto. Eles colocaram de lado os seus agasalhos enquanto viajavam para o sul nesse vale tropical, desfrutando dos campos luxuriantes de cereais e das belas oleáceas cobertas de flores rosadas, enquanto o maciço do monte Hermom, com a sua calota de neve, levantava-se ao longe no lado norte, dominando majestosamente o vale histórico. A pouco mais de umas três horas de viagem, de Sitópolis, eles chegaram a uma fonte borbulhante, e acamparam ali durante a noite, sob o céu estrelado. (1374.6) 124:6.6 No seu segundo dia de viagem passaram por onde o Jabok, vindo do leste, flui para o Jordão e, olhando para leste no vale desse rio, recordaram-se dos dias de Gideão, quando os medianitas invadiram essa região para ocupar as suas terras. No final do segundo dia de viagem acamparam perto da base da montanha mais alta, que domina o vale do Jordão, o monte Sartaba, cujo cume foi ocupado pela fortaleza alexandrina onde Herodes manteve presa uma das suas esposas e enterrou os seus dois filhos estrangulados. (1375.1) 124:6.7 No terceiro dia, passaram por duas aldeias que haviam sido recentemente construídas por Herodes e perceberam a sua arquitetura evoluída e os seus belos jardins de palmeiras. Ao cair da noite alcançaram Jericó, onde permaneceram até o dia seguinte. Naquela noite José, Maria e Jesus caminharam, por cerca de três quilômetros, até o local antigo de Jericó, onde Joshua, cujo nome foi dado a Jesus, tinha realizado as suas renomadas façanhas, de acordo com a tradição judaica. (1375.2) 124:6.8 No quarto e último dia de viagem, a estrada era uma contínua procissão de peregrinos. Agora eles começavam a escalar as colinas que levavam até Jerusalém. Ao chegarem ao topo podiam ver, ao fundo e ao sul do vale do Jordão, as montanhas sobre as águas quietas do mar Morto. Na metade do caminho até Jerusalém, Jesus pôde ver, pela primeira vez, o monte das Oliveiras (a região que se integraria como uma parte subseqüente da sua vida), e José indicou para ele que a Cidade Santa estava pouco além dessa crista; e o coração do garoto bateu mais depressa em uma antecipação da alegria que seria contemplar, em breve, a cidade e a casa do seu Pai celeste. (1375.3) 124:6.9 Nos declives a leste das Oliveiras eles fizeram uma pausa para descansar às margens de uma pequena aldeia chamada Betânia. Os aldeões hospitaleiros puseram- se a oferecer os seus préstimos aos peregrinos e aconteceu que José e a sua família haviam parado perto da casa de um certo Simão, que tinha três filhos com idades próximas da de Jesus — Maria, Marta e Lázaro. Eles convidaram a família de Nazaré para entrar e tomar um refresco; e então, uma amizade, que haveria de durar toda uma vida, floresceu entre as duas famílias. Muitas vezes, depois disso, na sua vida cheia de acontecimentos, Jesus passou por essa casa. (1375.4) 124:6.10 Logo se puseram a caminho e logo chegaram ao alto do monte das Oliveiras; e, pela primeira vez (segundo a sua memória), Jesus viu a Cidade Santa, os palácios pretensiosos e os templos inspiradores do seu Pai. Em nenhuma época da sua vida, Jesus provou uma experiência de emoção tão puramente humana como nesta que nesse momento o tomou completamente, quando ele parou ali nessa tarde de abril no monte das Oliveiras, sorvendo a sua primeira vista de Jerusalém. E nos anos posteriores, nesse mesmo local, ele deteve-se e chorou sobre a cidade que estava a ponto de rejeitar um outro profeta, o último e o maior dos seus mestres celestes. (1375.5) 124:6.11 Mas, apressados, eles tomaram o caminho de Jerusalém. Agora já era quinta- feira à tarde. Ao chegar na cidade, eles passaram pelo templo, e nunca Jesus havia visto uma tal multidão de seres humanos. Ele meditou profundamente sobre como esses judeus haviam-se reunido ali, vindos das partes mais distantes do mundo conhecido. (1375.6) 124:6.12 Pouco depois chegaram ao local previsto, onde se iriam acomodar durante a semana da Páscoa, a casa ampla de um parente abastado de Maria o qual, por intermédio de Zacarias, conhecia algo do início da história de João e de Jesus. No dia seguinte, o Dia da Preparação, eles aprontaram-se para a celebração própria do sábado de Páscoa. (1375.7) 124:6.13 Embora toda Jerusalém estivesse ocupada com as preparações da Páscoa, José encontrou tempo para levar o seu filho para dar uma volta e visitar a academia onde tinha sido arranjado para ele continuar a sua educação, dois anos mais tarde, tão logo alcançasse a idade necessária de quinze anos. José ficou de fato perplexo ao observar quão pequeno era o interesse evidenciado por Jesus por todos aqueles planos tão cuidadosamente elaborados. (1375.8) 124:6.14 Jesus ficou profundamente impressionado com o templo e com todos os serviços e as outras atividades ligadas ao mesmo. Pela primeira vez, desde os quatro anos de idade, estava ele ocupado demais com as próprias meditações a ponto de não fazer tantas perguntas. E, ainda assim, ele fez ao seu pai várias perguntas embaraçosas (como tinha feito em ocasiões anteriores), tais como por que o Pai celeste exigia o sacrifício de tantos animais inocentes e desamparados. E o seu pai sabia muito bem, pois lia na expressão do rosto do jovem, que as suas respostas e tentativas de explicação eram insatisfatórias para aquele jovem filho, de pensamentos tão profundos e raciocínio tão preciso. (1376.1) 124:6.15 No dia anterior ao sábado da Páscoa, uma torrente de iluminação espiritual atravessou a mente mortal de Jesus e preencheu o seu coração humano, até transbordar de piedade e compaixão afetuosa pelas multidões espiritualmente cegas e moralmente ignorantes que se reuniam para celebrar a Páscoa, na antiga comemoração. Esse foi um dos dias mais extraordinários que o Filho de Deus passou na carne; e, durante a noite, pela primeira vez na sua carreira terrena, apareceu para ele um mensageiro especial de Sálvington, enviado por Emanuel, que disse: “É chegada a hora. Já é tempo de começares a cuidar dos assuntos do teu Pai”. (1376.2) 124:6.16 E, assim, antes mesmo de que as pesadas responsabilidades da família de Nazaré caíssem sobre os seus jovens ombros, surgia esse mensageiro celeste para relembrar agora a este jovem, que ainda não havia completado treze anos de idade, de que a hora era chegada, de começar a retomar as responsabilidades de um universo. Esse foi o primeiro ato de uma longa seqüência de acontecimentos que culminaram finalmente na consumação completa da auto-outorga do Filho, em Urântia, e na restituição do “governo de um universo aos seus ombros humano- divinos”. (1376.3) 124:6.17 Com o passar do tempo, o mistério da encarnação tornou-se cada vez mais insondável para todos nós. Dificilmente poderíamos compreender que este jovem de Nazaré fosse o criador de todo o Nébadon. Ainda hoje, não compreendemos como o espírito deste mesmo Filho Criador e o espírito do seu Pai, do Paraíso, estão relacionados às almas da humanidade. Com o passar do tempo, pudemos ver que a sua mente humana, enquanto ele vivia a sua vida na carne, discernia cada vez mais que, em espírito, a responsabilidade de um universo repousava sobre os seus ombros. (1376.4) 124:6.18 E assim termina a carreira do jovem de Nazaré; e começa a narrativa sobre o ser adolescente — o ser divino humano cada vez mais autoconsciente — que agora começa a contemplação da sua carreira no mundo, ao mesmo tempo em que luta para integrar o propósito, em expansão, da sua vida, aos desejos dos seus pais e às suas obrigações para com a sua família e para com a sociedade do seu tempo e idade.